sábado, 28 de setembro de 2013

Obrigada!! cap -04

Respirei fundo, e comecei a andar, de inicio completamente sem rumo, sem saber o que fazer, senti alguns olhares em minha direção, mas achei que era impressão minha. As vezes quando estamos tristes ou chorando em publico, achamos que somos o centro das atenções e todos nos encaram. Depois de algum tempo andando, eu parei na praça Paris, antes do aterro do Flamengo.

                 

Eu não sabia para aonde ir, nem aonde dormir, eu só tinha dez reais na bolsa, como a herança dos meus pais ainda não tinha saído, ela nos dava algum dinheiro para cobrir algumas necessidades, mas provavelmente cobraria depois. La estava eu no meio da rua completamente sozinha, olhando os rostos das pessoas ao meu redor, tentando não mostrar a nenhuma delas a minha dor. Mas a quem eu queria enganar, estava sozinha com uma mala nas mãos, com o rosto velho de tanto tapas que levei, com o ego ferido, e com o coração machucado, eu não estava enganando nem a mim mesma. Se eu pudesse, e tivesse como, eu sumiria do Rio de Janeiro, voltaria para Monte Alto, la eu sei que encontraria abrigo, e é por que não um emprego. Emprego! E disso que eu preciso, mas estou a tanto tempo colocando currículos, mas ate agora nada. Lembrei-me de Laísa, sera que ela ainda se lembra de mim? Acho que não, mas eu não quero virar prostituta, isso não e para mim, eu sou tímida e muito desengonçada, alem de não querer, sem duvidas eu não quero. Mas e se for a minha ultima opção?
Me lembrei que quando conheci a Laísa, ela me deu o endereço de onde trabalhava, e disse que precisavam de meninas bonitas para trabalharem no bar, quem sabe, no bar e uma boa. Vasculhei a munha bolsa atras daquele minusculo pedaço de papel, que agora provavelmente seria a minha ultima opção. Assim que o encontrei, tratei de tentar me situar, e achar o endereço. Depois de pedir informações a algumas pessoas sobre o nome da rua claro, não queria que soubessem que estava procurando uma casa de prostituição, apesar de que pelos olhares de alguns homens no qual eu perguntei, entregavam que sabiam muito bem, aonde eu queria ir. Depois de muita procura achei o endereço, e para a minha surpresa era uma boate, e em nada parecia com a uma casa de prostituição como julguei, era um lugar muito bonito, e pela aparência deveria ser bem frequentado. Me aproximei com cautela, com receio na verdade, ainda não sabia se era realmente isso que eu queria, mas enfim já estava aqui. Toquei o interfone na entrada lateral, e um segurança com cara de pitbull me atendeu.

-O que você quer?<me encarou>

-Eu poderia falar com a Laísa?<perguntei timidamente>

-Quem e você?

-Talvez ela não se lembre de mim, me chamo Mary!<disse e me assustei quando ele fechou a portinhola na minha cara>

-Entra!< disse depois de alguns minutos abrindo a enorme porta de ferro me dando passagem>... Ela esta ensaiando no palco!

                                 

Eu entrei e o lugar era enorme, escuro e com apenas alguns holofotes em lugares estratégicos, tinha uma decoração burlesca meio anos 70, era muito lindo tinha alguns lustres pareciam ser de enfeite mesmo só para dar um ar de sofisticação ao lugar. A minha frente tinha um enorme palco em formato de "T" aonde ela, e mais quatro meninas dançavam sendo observadas por outras meninas, em um total de dez. Ela me olhou de relance, soltou um sorriso simpático e acenou em seguida, pediu com a mão para que eu a esperasse, e assim eu fiz. Fiquei sentada em uma das mesas próximo ao palco, elas estavam ensaiando uma coregrafia, ao som de Ego da Beyoncé, elas faziam uma coreografia sexualmente apelativa, cheia de mãos rebolado, e muita sensualidade. Eu as olhava e imaginava que jamais conseguiria rebolar daquele jeito, parecia que elas não tinham ossos. Depois de uns dez minutos elas deram uma pausa, e ela veio em minha direção.

-Ola, eu pensei que você nunca viria!<me surpreendeu com um beijo no rosto>

-Eu realmente não iria vir, mas eu não tiver outra escolha!

-Nossa falando assim, parece que aqui e o ultimo lugar aonde você queria entrar!<me encarou>

De certa forma ela esta certa, realmente estar era muito desconfortante para mim, mas infelizmente era a minha unica saída.

-Desculpe, não me interprete desta forma...

-Tudo bem, eu sei a sua opinião sobre "prostitutas"!<deu enfase a palavra>... Mas fique sabendo que nos somos GP's (garotas de programa) Somos diferente das Prostitutas!

-Eu não vejo diferença,, vocês não vendem o corpo?

-Sim, mas de forma diferente!... A prostituta vai para a cama, ou simplesmente faz sexo com qualquer um, seja homem, mulher, casal, ela e completamente despudorada!... Já as garotas de programa "Nós" agimos profissionalmente, e só atendemos aos nossos clientes cativos, ou por indicações de clientes antigos, somos uma especie de psicologas do sexo, pois alem de satisfaze-los sexualmente, ouvimos os seus problemas e ate damos alguns conselhos!<sorrimos>

-Vocês dançam muito bem!

-Obrigada, você sabe dançar?

-Hum, as vezes tento na frente do espelho, mas não sou uma Beyoncé da vida!<fiz referencia a musica que dançavam>

-Nem nós!... Mas enfim, Mary né?

-Isso!

-Por qual motivo você veio me procurar, se for pela vaga, ela já foi preenchida, você demorou!

-Droga!... Era sobre ela mesmo!<disse ficando triste>

           
               

-Infelizmente já contrataram uma garota!... Que mala e esta?

-Então...

Contei tudo o que tinha acontecido para ela desde o dia em que nos conhecemos, que infelizmente, foi o dia em que todo começou, ate esta manhã da domingo. Ela me olhava com ar de piedade, que me deixava pior ainda, ela segurou em minha mão, e disse que sentia muito por tudo o que tinha acontecido, e que agora passou, por que de forma nenhuma ela me deixaria voltar para aquela casa, ou simplesmente ir para a rua. De certa forma eu me senti segura, senti que ela seria uma pessoa especial na minha vida.

-Eu não quero te ver triste, e muito menos te ver chorar, quero que você saiba que a partir de agora eu sou a sua amiga, e pode contar sempre comigo!... Talvez o meu ombro não seja tão reconfortante, e muito menos calmante!<sorrimos>... Mas quem sabe eu seja capaz de te ajudar, e que consiga aliviar esta pressão no seu peito?

-Eu agradeço muito pelas suas palavras, mas eu não tenho para aonde ir!

-Quem disse que não?... Acabei de dizer que a partir de agora você e a minha amiga, fica tranquila que eu vou dar um jeito nesta situação!<me abraçou>


           
-Muito obrigada!

-Agora deixa eu ir, ainda vou ensaiar mais para a presentação de hoje a noite!<se levantou>

-Laísa!

-Sim!<me encarou>

-Por que você esta fazendo isso por mim?<ela sorriu e se aproximou novamente>

-A alguns anos atras, quando a minha mãe era viva, ela me disse que eu sempre deveria ajudar ao meu próximo, e que se alguém tocasse o meu coração, eu deveria acolher esta pessoa na minha vida!... E você tocou o meu coração com a sua historia, que poderia ser mentira, mas ai vai da sua consciência, a minha parte eu estou fazendo!<sorriu>... Agora eu tenho que ir, fica a vontade!<me deu um beijo no rosto e voltou para o palco>

Eu olhei para ela conduzindo o seu corpo rebolativo ao palco, ela tinha uma sensualidade impar para andar, e os seus movimentos eram naturalmente instigantes. Depois de observa-la eu cheguei a conclusão de que eu nunca vou conseguir ser sensual, em seguida retomando o seu ensaio.

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