segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Adaptação! cap 36

O carro de policia atravessou os enormes portões de penitenciaria, senti um iceberg se formar dento de mim, agora era real, e não tinha volta, ao menos por enquanto não.
Adentrei algemada nas instalações do presidio, fui levado para a revista, "com coisa que eu já estivesse extremamente humilhada" Fui obrigada a ficar completamente nua após retirarem as minhas algemas, elas me revistaram por completo. 
Depois de recomposta recebi um cobertor, e alguns utensílios de higiene pessoal, e fui encaminhada para a cela que eu dividiria com mais uma detenta. Entrei e elas trancaram a cela, me acomodei na cama de baixo, já que a outra detenta estava na cama superior, ela parecia estar dormindo, não fiz muita questão de olhar para ela, apesar de a curiosidade gritar dentro de mim, queria ao menos ver o seu rosto, e saber se ela não tem cara de ser uma assassina psicopata.

                             

Me ajeitei na cama, e como ela não tinha travesseiro, coloquei o meu cobertor no lugar dele e me deitei, precisava pensar era a única coisa que me restava fazer aqui dentro deste lugar. Precisava bolar um jeito de sair daqui o mais rápido possível de pensar na possibilidade de não sair, ou de ser extraditada do pais, sem ao menos cumprir os meus objetivos, me deixava completamente frustrada. 
Mais uma vez senti o meu peito apertar, e uma dor insuportável arrebatar o meu coração, a única coisa que eu queria era chorar, chorar ate me desidratar por completo, e  morrer seca. Ah, se isso fosse possível, mas acho que mesmo se chorasse horas a fio, não conseguiria me livrar da dor que estou sentindo, e muito menos morrer seca. 
Depois de muito pensar, eu não cheguei a conclusão nenhuma, a não ser esperar e ver o que a Rubi poderia fazer por mim. 
O meu maior medo, era já que não nos conhecíamos muito, apesar de morarmos juntas a alguns meses, eu não sabia se ela era uma pessoa completamente confiável, afinal eu morei quase um ano com a Laísa, e no final aconteceu o que aconteceu, e sinceramente este era o meu maior medo. Depois de um tempo conversando comigo mesma, acabei adormecendo.
Acordei com uma voz forte e levemente grave me chamando de um jeito tranquilo, e ate que brincalhão

-O bela dormecida, acorda, a janta já passou!... Se voçe não for comer me avisa por que aqui a comida e bem pouca, e eu comeria a sua sem problemas!

Ela estava de costas para mim, sentada em uma mesa de concreto que usávamos para guardar as nossas coisas, e que também era usada como mesa de refeições. Ela vestia o mesmo que eu logicamente, e estava com os seus cabelos negros presos em um coque baixo.

-Eu não quero comer, se quiser pode ficar!<disse calma e serena, não sabia com quem estava falando>

-<sorriu>... Vai fazer greve de fome?... Esquece, isso não as comovem, e capaz de te deixarem morrer de fome!

-Eu não quero fazer greve,  estou sem fome!

-Sei!<se virou para mim>... Não vou comer a sua comida, uma hora terá fome!

Ela era uma mulher muito bonita, tinha a pele branca, de olhos castanhos profundos, tinha o rosto bem marcado pelos seus traços naturais, e estava gravida. Me sentei na cama e curvei levemente o meu corpo para frente apoiando os meus cotovelos nos joelhos e encarei a sua barriga, ela deveria estar com uns quarto ou cinco meses, senti o meu coração apertar, e as lagrimas querem cair, mas eu as impedi, com todas as minhas forças, não queria, e não poderia carregar esta culpa comigo o resto da minha vida.

-Pode comer se quiser!<disse em um tom firme segurando o choro>

-<sorriu novamente sarcasticamente desta vez>... Por que voçe esta aqui?... Não tem cara de quem faz merda!

-Eu não fiz, e não faço merda!... Estou aqui injustamente!

-Todas falam isso...

-Mas eu sim, eu estou aqui injustamente!... Eu estava gravida assim como voçe esta agora, e uma mulher que eu achava que era uma boa pessoa, alem de me dopar, me injetou uma alta quantidade de drogas no sangue, e me fez parar aqui neste lugar...

-Já vi que voçe e uma boba!

-Boba, eu?

-Claro, para cair numa dessas,  pode ser uma boa, ou muito ingenua!... Onde já se viu deixar uma coisa destas acontecer com voçe!... Acho que se perdesse o meu bebe, eu piraria!

-Voçe não sabe como estou por dentro!... Eu pensava que ela era uma boa pessoa...

-Hoje em dia não existem boas pessoas!... Todo mundo quando oferece algo, quer alguma coisa em troca, e se voçe não der...

-Eu estou aprendendo isso da pior maneira, acredite!... E como voçe veio parar aqui?

-Trafico de drogas!

-Por que voçe virou traficante?

-Eu posso ate te dizer, mas antes voçe vai comer, esta com uma cara péssima!... Serio, esta me dando medo! <me entregou a minha marmita>... E se voçe perdeu um bebe a pouco tempo, precisa repor as suas forças, e energia!

Aceitei a sua gentileza, tocamos de lugar para que pudesse comer mais confortável
Ela me contou que estava em casa ajudando a mãe com o almoço do dia de ação de graças, uma data tão importante para os Americanos, quanto o Natal para os Brasileiros. Enfim, ela estava ajudando a mãe, quando o namorado apareceu na casa dela, e a chamou para sair, ela disse que não queria ir, que iria ficar com a mãe e ajuda-la, mas ele insistiu, e ate a mãe dela insistiu dizendo que ela quase não saia de casa, e estava tudo bem, ela daria conta a partir dali.
Ela se arrumou e saiu com o namorado, eles estavam a pouco mais de seis meses juntos, e ela não tinha notado nada de errado com o comportamento dele ate então, ele era carinhoso, atencioso, e sempre lhe agradava com algo, era um bom namorado a vista de todos, e dela própria. Mas naquela tarde a sua visão de bom, moço iria mudar drasticamente.
Eles estavam em uma praça ela estava sentada, e ele com a cabeça em seu colo, estavam distraídos quando apareceu uma viatura policial, ele se levantou rapidamente a pegou pela mão, e tentaram correr, mas a policia foi mais rápida abordando os dois, e na revista acharam no bolso dele uma certa quantidade de maconha, e 15 papelotes de cocaína, e apesar dela não saber das drogas, ela foi presa e acusada por associação ao trafico,. e deste então ela estava ali. 
Estava presa a pouco mais de 3 meses, e a dois descobriu que estava gravida, o seu namorado esta em uma penitenciaria no Colorado, ele não sabe do bebe que ela espera, e ela pretende não contar, ela esta muito decepcionada com ele, e com ela mesma. Ela ainda sera julgada, e dependendo da sua pena, ela terá o seu bebe ainda na cadeia.

-Ele foi um canalha com voçe!... Não deveria ter te chamado para sair com estas coisas!... Se ele realmente gostasse de voçe, não teria feito isso!

-A minha mãe disse a mesma coisa!<sorriu tristemente>... Mas agora e tarde demais!

-Desculpe a minha ignorância, mas qual e o seu nome?

-Ignorância, voçe me parece ser bem certinha, realmente voçe não e uma garota para estar aqui!... Me chamo Barbara, tenho 17 anos, mas pode me chamar de Barb!... E voçe?

-Me chamo Marianne, vou fazer 19, ou 22 anos, voçe escolhe!<sorri>... Mas pode me chamar de Mary, ou de Holly!

-Como assim?... Fiquei meio confusa!

-Não sou tão certinha assim como voçe me pre-julgou, tenho uma vida meio atribulada, mas em relação a drogas, sou completamente contra!

-Acho que não te compreendi muito bem, ainda!<sorriu>

Contei a ela um resumão da minha vida, que a deixou bastante intrigada, e surpresa. Ela disse que se me visse a esma na rua, jamais imaginaria que eu fosse uma garota de programa. 
Naquele dia entramos madrugada a dentro conversando, ela me contou um pouco de como funcionam as coisas dentro da penitenciaria, ela disse que pela manha, tem um banho de sol no patio depois do café da manha, e logo em seguida tomávamos banho, depois almoçávamos, e durante a tarde tínhamos atividades para nos distrairmos ali dentro como artesanato, cuidados com a beleza, e ate aprender a cozinhar. 
Tinha programas de recuperação para quando voltássemos para as ruas, tivéssemos algo para ocupar a mente, e não fazer mais as mesmas coisas.
Confesso que os primeiros dias foram muito difíceis ali dentro, mas ate que eu estava encarando muito bem na medida do possível, e ela me ajudava bastante. Nas segundas e quartas, eu fazia artesanato, e as terças e quintas ia para a cozinha do presidio, e as sextas todas arrumavam as celas, e limpavam os banheiros, tínhamos que fazer, eramos obrigadas a fazer, e se não fizesse a quela policial que jurou ficar na minha cola aparecia, e simplesmente tocava o terror, já tinha visto ate algumas detentas apanharem.
Era dia de visita, eu estava na minha cela lendo um livro que a Brab tinha ganhado da mãe dela em uma das visitas. Enquanto ela tomava banho e se preparava para ver a mãe uma policial apareceu e disse que as visitas já tinham chego, eu imaginava que não receberia a visita de ninguém, mas mesmo não recebendo, eu teria que me encaminhar ate a área de visitas, pois enquanto estivéssemos por la, as nossas celas seriam revistadas pelas policiais. 
Adentramos a uma salinha simples, que deveria comportar cerca de 100 mulheres e ficamos a espera das nossas visitas, eu tinha levado o livro, estava no fundo da sala lendo, enquanto a policial chamava uma por uma de acordo com que as visitas chegavam.
 Já era a minha segunda semana aqui, e na primeira vez não tinha vindo ninguém, sem duvidas desta não seria diferente, mas para a minha surpresa...

-Marianne Almeida!<disse em alto e bom som a policial de  na porta que ligava área de visitas>


Me levantei e tentei imaginar quem poderia ser, quem poderia ter vindo ate aqui para me ver, e a única pessoa que passava pela minha cabeça era a Rubi. Mas como o destino não brinca em serviço, e adora pregar uma peça, desta vez não seria diferente.

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