quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Esperança!! Cap 37

Assim que entrei na área de visitas, que eram divididos em boxes com vidros, e uma espacie de telefone para que falássemos com a outra pessoa sem que tivéssemos nenhum tipo de contato alem do visual, senti o meu coração acelerar, enfim iria ver alguém conhecido.
Os meus olhos se arregalaram, senti o meu coração vir a garganta, a minha respiração se descompassou, e os meus batimentos foram as alturas, juro, poderia imaginar qualquer pessoa, menos esta.

-O que voçe esta fazendo aqui?<disse assim que coloquei o telefone no ouvido>

-Pensei que ficaria feliz em me ver aqui!<disse com um lindo sorriso>

-Não sei se estou feliz, ou envergonhada!... Como voçe esta?

-Estou muito triste por voçe estar aqui!... Estou triste por tudo o que aconteceu com voçe...

-Como voçe ficou sabendo?

-A Rubi, me contou!

-Ela disse que iria tentar me ajudar !

-Eu fui ate a boate para ver se voçe já tinha retornado!... Ela me chamou em um canto, me disse tudo o que tinha acontecido, e disse que voçe precisava de ajuda!

-Sim, eu preciso e muito!... Paul, eu não usei drogas, eu juro, eu não uso isso, tenho nojo...

-Eu sei disso, calma!... Eu estou do seu lado!

-Eu juro pelo meu filho, que não esta mais comigo que eu não fiz isso!<disse já me entregando ao choro>... Eu já o amava de todo coração...

-Não precisa jurar Holly, eu acredito em voçe!... Se eu não acreditasse em voçe, não estaria aqui!... Sinto muito pelo seu bebe!

-E por que voçe esta aqui?

-Eu quero te ajudar a sair daqui!... Como voçe acha que as coisas aconteceram?

-Eu acho que a Saueller ...

-Espera, e melhor voçe falar com um advogado, eu não vou poder te ajudar muito neste aspecto!... Eu vou te tirar daqui o mais rápido possível, confie em mim...

-O tempo acabou, voçe precisa sair!<disse uma das policiais>

-Olha, se cuida, eu vou mandar um advogado ainda esta semana, mais tardar na que vem!

-Obrigada Paul!<coloquei a mão no vidro, e ele colocou a sua “sobre” a minha>... Eu não sei como te pagar por isso!

-Só quero te ver fora daqui!

-Vamos mocinha!

-Manda um beijo para a Rubi, e a agradeça por mim!

-Pode deixar!

Sai praticamente arrastada da sala, a visita do Paul me fez muito bem, estava esperançosa agora, sinto que irei sair logo daqui. Segui para o patio da penitenciaria, tínhamos que ficar la ate a revista das celas acabarem. De longe avistei Barb alisando a sua discreta barriga, e resolvi me aproximar dela, ela estava sentada em uma mesa com bancos de concreto. Subi no banco e sentei na mesa ao seu lado, ela me olhou de canto e respirou fundo.

-Gostou da sua visita?<disse sem me encarar>

-Gostei sim, muito!... Não te vi la!

-A minha visita e reservada, e com a minha mãe, e eu estou gravida, ela trouxe as minhas vitaminas!<sorriu me mostrando uma sacola>

-Que bom, que ela cuida de voçes!

-Sim, ela e uma ótima mãe, e sera uma avo incrível!... Quem foi a sua visita?

-Um cliente!<sorri>

-Foi uma visita intima?

-Não, ele e um cliente que esta se tornando o meu anjo protetor!... Mas não quero ter muitas esperanças, já quebrei muito a minha cara achando que as pessoas realmente me amam, ou se preocupam comigo!

-Nossa, senti um tom de amargura na sua voz!

-Acho que a palavra correta seria decepção mesmo!

Ficamos conversando um tempo, a Barb era uma pessoa muito divertida, e apesar de estarmos trancadas aqui dentro como animais, ela não perdia a esperança de um dia sair daqui.
Depois de uma hora mais ou menos, fomos infamadas que já poderiamos retornar para as celas, e a Barb avisada que a diretora do hospital queria falar com ela. Segui para a cela, me sentei na minha cama, e fiquei pensando na maravilhosa visita que tinha recebido, e finalmente depois de quase duas semanas presa, consegui sorrir verdadeiramente pela primeira vez.

Estava distraída sentada na cama com o livro em mãos, tinha retomado a minha leitura já que estava sozinha. O livro se chamava ”Guilt and stars” e um livro lindo, e apaixonante, não consigo largar dele, e aonde vou o estou carregando, mesmo sabendo que não e meu, e uma hora terei que devolve-lo. 
Estou apaixonada por um trecho que reflete bastante o meu estado de espirito estando presa a este minusculo quadrado.

“Não sou formada em matemática, mas sei de uma coisa: Existe uma quantidade infinita de números entre o 0 e 1. Tem o 0,1 o 0.2 e o 0,112 e uma infinidade de outros. Obviamente, existe um conjunto ainda maior entre o 0 e 2, ou entre o 0 e 1 milhão. Alguns infinitos são maiores que outros... Há dias, muitos deles, em que fico zangada com o tamanho do meu conjunto limitado. Eu queria mais números do que provavelmente vou ter.” (A culpa e das estrelas)

Queria estar longe, queria estar em casa apreciando o nascer e o por da minha janela, sei que e uma coisa simples, ou aos olhos de outras pessoas ser a coisa mais banal do mundo, mas sinto que as vezes o meu coração vai explodir de agonia, sinto-me culpada por estar aqui dentro trancada como um animal feroz, um animal que mesmo sem saber, sem ter o entendimentos, e que ao brincar acabou ceifado a vida de um inocente, esta sendo engaiolado para sempre, ou ate que a sua pena seja a mais cruel de todas, a morte. Sei que posso estar sendo dramática, mas a prisão te faz pensar as coisas mais cruéis e horríveis do mundo. 
As vezes voçe não precisa estar dentro de uma jaula como um animal, ou atrás das grades como uma bandido perigoso, para se sentir preso, as vezes uma atitude ou uma escolha que voçe faz te fez ficar presa pelo resto da vida, a algo que voçe não gosta ou odeia com todas as suas forças. 
E assim que me sinto, alem de sentis que estou presa de mim mesma, dentro da Mary, dentro da Holly ,cujo a Marianne grita com todas as forças para se libertar e voltar a sentir o ar puro da natureza novamente. 
Queria estar nos braços das pessoas que amo, sei que tenho um numero muito restrito, e ele varia entre o 0,00, e o 0,10, sera que e tudo isso? Se não for sei que um dia sera, pois eu farei mais amizades por ai. Quero poder amar as pessoas, amar os homens, amar as mulheres, e amar ao meu próximo, e assim de qualquer coisa amar a mim mesma, pois as vezes não precisamos de uma legião de pessoas ao nosso lado para amar e ser amado, se eu não consigo amar a mim mesma.

Fui despertada dos meus delírios e devaneios pela cela se abrindo novamente, e a Barb entrando na cela, ela estava com o rosto iluminado, e o seu sorriso era radiante, contagiante. Me sentei na cama enquanto ela se acomodava ao meu lado sentada na mesma, ela me olhou sorriu novamente e acariciou a sua barriga.

-Eu vou ser transferida!

-Transferida?... Pelo seu sorriso pensei que seria libertada!

-<sorriu>... Seria realmente muito bom!... Mas infelizmente nem tudo o que pedimos e desejamos, se realiza de uma hora para a outra, eu sinto que vou embora, mas ainda falta um pouco!

-Voçe vai me deixar e?<sorri>

-Sim, infelizmente esta e a pior parte!... Voçe e uma mulher incrível, e tem muita garra, vai conseguir sair logo daqui!... Ao contrario de mim, que terei o meu bebe na cadeia, mas sera em outra penitenciaria, em uma que tem um programa para mulheres gestantes, e la eu não precisarei entregar o meu filho para um familiar, ou para a adoção...

-Adoção?

-Sim!... Permanecendo aqui quando tiver o meu filho, ou filha, se a minha mãe, ou algum familiar não puder tomar conta dele ou dela, eu terei que entrega-lo para adoção!... E eu sendo transferida pra la, eu poderei cuidar dele eu mesma, e ele só saíra de la comigo!

-Então o seu bebe sera um detento como voçe?

-Sim!<disse um pouco desanimada>.. Mas ele estará comigo!

Os dias seguintes foram bastante normais na medida do possível, seguíamos a mesma rotina que era nos imposta diariamente. O dia em que a Barbara foi transferida, foi muito ruim, eu já tinha me apegado a ela. e ao seu bebe, a ajudei a arrumar as suas poucas coisas, e antes de sair ela  me abraçou forte, e disse rente ao meu ouvido:

-“Somos feitos de carne, mas temos que viver como se fôssemos feitos de ferro” Se cuida!

A apertei com ainda mais vontade, ela não sabia como tinha me dado mais garra e coragem. Antes de sair ela me entregou o seu livro, e disse que como eu tinha gostado tanto dele, poderia ficar, e simplesmente deu as costas respirando fundo, parecia estar se preparando para a liberdade, talvez para ela fosse com o uma libertação daquele lugar, mesmo indo para outro idêntico.

No dia de visita da semana seguinte, seguimos para a mesma sala, mas desta vez ao invés de ser chamada para a quela saleta, eu fui chamada para ir ate outra que era de visitas reservadas, entrei na sala, e ela era um quadrado de uns dois metros por dois metros,e tinha uma mesa com duas cadeiras. 
Assim que entrei encontrei um cara vestido de terno e gravata, ele se levantou assim que me viu, e a policial saiu fechando a porta atras de mim. Me aproximei dele que esticou a mão para um cumprimento.


-Prazer, me chamo Dr. Ronald Thompson! ... Estou a pedido do Sr. Paul Henderson, serei o seu advogado!


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