Assim que
entrei na área de visitas, que eram divididos em boxes com vidros, e uma espacie
de telefone para que falássemos com a outra pessoa sem que tivéssemos nenhum
tipo de contato alem do visual, senti o meu coração acelerar, enfim iria ver alguém conhecido.
Os meus
olhos se arregalaram, senti o meu coração vir a garganta, a minha respiração se
descompassou, e os meus batimentos foram as alturas, juro, poderia imaginar
qualquer pessoa, menos esta.
-O que voçe
esta fazendo aqui?<disse assim que coloquei o telefone no ouvido>
-Pensei que
ficaria feliz em me ver aqui!<disse com um lindo sorriso>
-Não sei se
estou feliz, ou envergonhada!... Como voçe esta?
-Estou muito
triste por voçe estar aqui!... Estou triste por tudo o que aconteceu com
voçe...
-Como voçe
ficou sabendo?
-A Rubi, me
contou!
-Ela disse
que iria tentar me ajudar !
-Eu fui ate
a boate para ver se voçe já tinha retornado!... Ela me chamou em um canto, me
disse tudo o que tinha acontecido, e disse que voçe precisava de ajuda!
-Sim, eu
preciso e muito!... Paul, eu não usei drogas, eu juro, eu não uso isso, tenho
nojo...
-Eu sei
disso, calma!... Eu estou do seu lado!
-Eu juro
pelo meu filho, que não esta mais comigo que eu não fiz isso!<disse já me
entregando ao choro>... Eu já o amava de todo coração...
-Não precisa
jurar Holly, eu acredito em voçe!... Se eu não acreditasse em voçe, não estaria aqui!... Sinto muito pelo seu bebe!
-E por que
voçe esta aqui?
-Eu quero te
ajudar a sair daqui!... Como voçe acha que as coisas aconteceram?
-Eu acho que
a Saueller ...
-Espera, e
melhor voçe falar com um advogado, eu não vou poder te ajudar muito neste
aspecto!... Eu vou te tirar daqui o mais rápido possível, confie em mim...
-O tempo
acabou, voçe precisa sair!<disse uma das policiais>
-Olha, se
cuida, eu vou mandar um advogado ainda esta semana, mais tardar na que vem!
-Obrigada
Paul!<coloquei a mão no vidro, e ele colocou a sua “sobre” a minha>... Eu
não sei como te pagar por isso!
-Só quero te
ver fora daqui!
-Vamos
mocinha!
-Manda um
beijo para a Rubi, e a agradeça por mim!
-Pode
deixar!
Sai
praticamente arrastada da sala, a visita do Paul me fez muito bem, estava
esperançosa agora, sinto que irei sair logo daqui. Segui para o patio da
penitenciaria, tínhamos que ficar la ate a revista das celas acabarem. De longe
avistei Barb alisando a sua discreta barriga, e resolvi me aproximar dela,
ela estava sentada em uma mesa com bancos de concreto. Subi no banco e sentei
na mesa ao seu lado, ela me olhou de canto e respirou fundo.
-Gostou da
sua visita?<disse sem me encarar>
-Gostei sim,
muito!... Não te vi la!
-A
minha visita e reservada, e com a minha mãe, e eu estou gravida, ela trouxe as
minhas vitaminas!<sorriu me mostrando uma sacola>
-Que
bom, que ela cuida de voçes!
-Sim,
ela e uma ótima mãe, e sera uma avo incrível!... Quem foi a sua visita?
-Um
cliente!<sorri>
-Foi
uma visita intima?
-Não,
ele e um cliente que esta se tornando o meu anjo protetor!... Mas não quero ter
muitas esperanças, já quebrei muito a minha cara achando que as pessoas
realmente me amam, ou se preocupam comigo!
-Nossa,
senti um tom de amargura na sua voz!
-Acho
que a palavra correta seria decepção mesmo!
Ficamos
conversando um tempo, a Barb era uma pessoa muito divertida, e apesar de estarmos trancadas aqui dentro como animais, ela não perdia a esperança de um dia sair
daqui.
Depois de uma hora mais ou menos, fomos infamadas que já poderiamos
retornar para as celas, e a Barb avisada que a diretora do hospital queria
falar com ela. Segui para a cela, me sentei na minha cama, e fiquei pensando na
maravilhosa visita que tinha recebido, e finalmente depois de quase duas semanas
presa, consegui sorrir verdadeiramente pela primeira vez.
Estava
distraída sentada na cama com o livro em mãos, tinha retomado a minha leitura
já que estava sozinha. O livro se chamava ”Guilt and stars” e um livro lindo, e
apaixonante, não consigo largar dele, e aonde vou o estou carregando, mesmo
sabendo que não e meu, e uma hora terei que devolve-lo.
Estou apaixonada por um
trecho que reflete bastante o meu estado de espirito estando presa a este
minusculo quadrado.
“Não
sou formada em matemática, mas sei de uma coisa: Existe uma quantidade infinita
de números entre o 0 e 1. Tem o 0,1 o 0.2 e o 0,112 e uma infinidade de outros.
Obviamente, existe um conjunto ainda maior entre o 0 e 2, ou entre o 0 e 1
milhão. Alguns infinitos são maiores que outros... Há dias, muitos deles, em
que fico zangada com o tamanho do meu conjunto limitado. Eu queria mais
números do que provavelmente vou ter.” (A culpa e das estrelas)
Queria estar
longe, queria estar em casa apreciando o nascer e o por da minha janela, sei
que e uma coisa simples, ou aos olhos de outras pessoas ser a coisa mais banal
do mundo, mas sinto que as vezes o meu coração vai explodir de agonia, sinto-me
culpada por estar aqui dentro trancada como um animal feroz, um animal que
mesmo sem saber, sem ter o entendimentos, e que ao brincar acabou ceifado a
vida de um inocente, esta sendo engaiolado para sempre, ou ate que a sua pena
seja a mais cruel de todas, a morte. Sei que posso estar sendo dramática, mas a
prisão te faz pensar as coisas mais cruéis e horríveis do mundo.
As vezes voçe
não precisa estar dentro de uma jaula como um animal, ou atrás das grades como
uma bandido perigoso, para se sentir preso, as vezes uma atitude ou uma escolha
que voçe faz te fez ficar presa pelo resto da vida, a algo que voçe não gosta
ou odeia com todas as suas forças.
E assim que me sinto, alem de sentis que
estou presa de mim mesma, dentro da Mary, dentro da Holly ,cujo a Marianne grita
com todas as forças para se libertar e voltar a sentir o ar puro da natureza
novamente.
Queria estar nos braços das pessoas que amo, sei que tenho um numero
muito restrito, e ele varia entre o 0,00, e o 0,10, sera que e tudo isso? Se
não for sei que um dia sera, pois eu farei mais amizades por ai. Quero poder
amar as pessoas, amar os homens, amar as mulheres, e amar ao meu próximo, e
assim de qualquer coisa amar a mim mesma, pois as vezes não precisamos de uma
legião de pessoas ao nosso lado para amar e ser amado, se eu não consigo amar a
mim mesma.
Fui
despertada dos meus delírios e devaneios pela cela se abrindo novamente, e a
Barb entrando na cela, ela estava com o rosto iluminado, e o seu sorriso era
radiante, contagiante. Me sentei na cama enquanto ela se acomodava ao meu lado
sentada na mesma, ela me olhou sorriu novamente e acariciou a sua barriga.
-Eu vou ser
transferida!
-Transferida?...
Pelo seu sorriso pensei que seria libertada!
-<sorriu>...
Seria realmente muito bom!... Mas infelizmente nem tudo o que pedimos e
desejamos, se realiza de uma hora para a outra, eu sinto que vou embora, mas ainda
falta um pouco!
-Voçe vai me
deixar e?<sorri>
-Sim,
infelizmente esta e a pior parte!... Voçe e uma mulher incrível, e tem muita
garra, vai conseguir sair logo daqui!... Ao contrario de mim, que terei o meu
bebe na cadeia, mas sera em outra penitenciaria, em uma que tem um programa
para mulheres gestantes, e la eu não precisarei entregar o meu filho para um familiar, ou para a adoção...
-Adoção?
-Sim!...
Permanecendo aqui quando tiver o meu filho, ou filha, se a minha mãe, ou algum
familiar não puder tomar conta dele ou dela, eu terei que entrega-lo para adoção!... E eu sendo transferida pra la, eu poderei cuidar dele eu mesma, e ele
só saíra de la comigo!
-Então o seu
bebe sera um detento como voçe?
-Sim!<disse
um pouco desanimada>.. Mas ele estará comigo!
Os dias
seguintes foram bastante normais na medida do possível, seguíamos a mesma
rotina que era nos imposta diariamente. O dia em que a Barbara foi
transferida, foi muito ruim, eu já tinha me apegado a ela. e ao seu bebe, a
ajudei a arrumar as suas poucas coisas, e antes de sair ela me abraçou forte, e disse rente ao meu ouvido:
-“Somos
feitos de carne, mas temos que viver como se fôssemos feitos de ferro” Se
cuida!
A apertei
com ainda mais vontade, ela não sabia como tinha me dado mais garra e coragem.
Antes de sair ela me entregou o seu livro, e disse que como eu tinha gostado
tanto dele, poderia ficar, e simplesmente deu as costas respirando fundo,
parecia estar se preparando para a liberdade, talvez para ela fosse com o uma
libertação daquele lugar, mesmo indo para outro idêntico.
No dia de
visita da semana seguinte, seguimos para a mesma sala, mas desta vez ao invés
de ser chamada para a quela saleta, eu fui chamada para ir ate outra que era de
visitas reservadas, entrei na sala, e ela era um quadrado de uns dois metros por dois
metros,e tinha uma mesa com duas cadeiras.
Assim que entrei encontrei um cara vestido de terno e gravata, ele se levantou assim que me viu, e a policial
saiu fechando a porta atras de mim. Me aproximei dele que esticou a mão para
um cumprimento.
-Prazer, me
chamo Dr. Ronald Thompson! ... Estou a pedido do Sr. Paul Henderson, serei o
seu advogado!
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