sexta-feira, 21 de março de 2014

Tudo resolvido... cap 58

Dei uma olhada rápida e na realidade tinha 4 mensagens, e 15 ligações perdidas, tanto dele como da Nina. Me sentei na cama e abri a primeira mensagem que tinha chegado.

                                                        “Mary cadê você, atende o celular! P.”

Mesmo não querendo, e estando triste com tudo, foi impossível conter o sorriso, ele estava de certa forma pensando em mim. Respirei fundo e abri a segunda.

“Estou preocupado com você, esqueceu que chegou hoje aqui em Los Angeles, e ainda não conhece muita coisa, esta escurecendo!... Me retorna, me atende, ou simplesmente responda as minhas mensagens! P”

Senti o meu coração acelerar, para uma mulher apaixonada já e motivos para estar louca de vontade de correr para abraçá-lo. Olhei a terceira mensagem, e esta era da Nina.

“Mary cadê você?... O Paul esta praticamente surtando, estou vendo a hora dele colocar a policia atrás de você!... E olha que eu não duvido!... Por favor de algum sinal de vida, estamos preocupados!! N”

Tadinha da Nina, abandonei ela na cafeteria, e nem me importei de falar nada para ela, mas também, estava tão atordoada, que nem enxerguei nada a minha frente. Por fim abri a ultima mensagem.

“Acho que precisamos conversar, e não e só sobre o que aconteceu na cafeteria, sobre outras coisas também, mas para isso você precisa aparecer!... Esta chovendo muito, na realidade o mundo esta caindo em forma de água, só me diz que esta bem, estou realmente muito preocupado! P”

Senti um peso no peito ao ler esta mensagem, o que será que ele queria falar comigo alem do que aconteceu na cafeteria? Bom, na melhor das hipóteses, ele me mandaria de volta para o Brasil, que na realidade era o que eu deveria ter feito, ir embora, e não ter cedido a ele, eu sabia que seria assim, eu seria uma mera prostituta, e nada mudaria. Senti aquela mesma pontada no seio, mas junto dela uma dorzinha meio chata, mas desta vez no coração, o que será que pode ser, nunca me senti apaixonada por alguém antes. Ta já estive, antes era coisa de criança, mas agora, me sinto dependente dele.

            

Me levantei e segui para o banheiro, enquanto tomava o meu banho, decidiria o que iria fazer da minha vida, quem sabe não daria um jeito de me instalar aqui em Los Angeles, e continuar com o que eu sei fazer, vender o meu corpo. 
Depois de uns minutos ouvi um novo alerta de mensagem, me apressei para terminar, segui para o quarto, peguei o aparelho e era dele novamente.

“Olha, eu sei que você deve estar extremamente triste com tudo o que aconteceu, por isso, eu espero que esteja bem, vou esperar você se acalmar, e voltar para o apartamento, eu vou estar aqui a sua espera!... So queria saber aonde você esta com toda esta chuva! P”

Senti os meus olhos marejarem, na realidade o que eu queria era chorar ate amanha, não sei por que estou me sentindo assim, não sei por que sinto que tudo ao meu redor vai desabar a qualquer momento, isso me assusta. Fui interrompida por batidas na porta.

-Pode entrar!<disse passando as mãos nos olhos rapidamente>

-Já terminou?<disse colocando apenas a cabeça para dentro>

-Já!<sorri>... So estou olhando umas mensagens!

-Nos precisamos conversar não e?

-Sim, precisamos!<o encarei>... Entra!

-Ainda não compreendi o fato de você não ter aonde morar!... Como você veio parar aqui?

-Bom, e uma longa historia!

-Temos uma semana!<sorriu se deitando na cama>

-Não, temos só ate parar de chover!... Quando parar eu vou embora!

-E vai para onde?<sorriu irônico>... Olha, eu posso tentar alugar algo pra você se estabelecer...

-Não, não precisa, eu vou voltar para o Brasil provavelmente!

-Voltar?... Você não pode!

-Por que não?<ele sentou e olhou dentro dos meus olhos>

-Eu preciso de você!<disse em um tom mais baixo>... Eu ainda não tinha me envolvido com outra mulher desde que me casei, eu ia sempre à boate, mas nunca repetia a mesma mulher sabe, mas você, com você foi diferente, é diferente,  eu sinto algo a mais, e eu não quero perder isso...

-Voçe prestou atenção no que esta falando?... Eu não sou mulher para homem nenhum, eu sou uma prostituta que não tem aonde cair morta!...A minha vida não e estar com uma pessoa apenas Justin, eu preciso estar com um hoje, e outro amanha para conseguir me sustentar, pagar as minhas contas, viver, eu não sei fazer outra coisa, eu não sei viver de outro jeito...

-Calma, não e assim também, se você quiser não precisa mais seguir nesta vida...

-E o que eu faria?<me levantei o encarando>

-Você e uma mulher incrível, sensível, de um coração enorme, e capaz de ter o homem que desejar

-NÃO, EU NÃO POSSO!... Tanto não posso que não tenho!

-Você ama alguém?<não disse nada>... Ama alguém Mary?<permaneci quieta>

 Ele veio em minha direção e segurou em meu braço me fazendo olhar para ele, os seus olhos invadiram os meus, me passando uma paz incrível e inexplicável. Os meus ombros relaxaram, e parecia que todo o meu corpo iria desabar em seus braços, eu o abracei forte, estava precisando de um abraço, de um pouco de alivio para a minha alma.

            

-Você gosta de alguém?<insistiu na pergunta>

-Sim!

-Quem?

-Não quero falar sobre isso, por favor!

-Eu só queria saber!<segurou em meu braço me encarando>

-Por que e tão importante pra você?

-Eu so quero te ajudar Mary!... Porra para de ser arredia, eu estou aqui tentando te oferecer um apoio, e você esta sempre na retaguarda, sempre recuando!... Acima de qualquer coisa eu quero ser o seu amigo!

-Eu sei me desculpe!... Mas e que eu realmente me apaixonei por um cliente, mas eu não posso nem pensar em levar isso à frente, é arriscado!... E ele não merece uma mulher como eu...

-Uma mulher como você?... Uma mulher linda, forte, corajosa, que e dona do seu próprio nariz, que sabe como tratar um homem muito bem, eu acho que não precisaria... Espera ai, você disse um cliente?

-Sim!... Mas não e você, fica tranqüilo!

-Que pena!<sorrimos>

-Você e maravilhoso Justin, mas tem um péssimo defeito para uma mulher que quer sair desta vida!

-Qual?<me encarou>

-E casado, e muito bem casado!<sorrimos>

Depois deste papo meio tenso, no qual eu não disse nem quem era o tal cliente, e nem o motivo de estar sem ter aonde ir, ele me chamou para enfim ver o filme. Seguimos para a sala, e decidimos ver um filme de terror, e como este e um gênero que não me agrada muito, fiz questão de não prestar atenção, não queria acordar no meio da madrugada tendo a sensação de ter alguém me alisando, aproveitei o tempo para pensar melhor em tudo, e decidi, fazer a coisa certa.


              

Acordei com o sol batendo no meu rosto, parece que a chuva tinha realmente dado uma trégua. Pequei o meu telefone, e olhei a hora, tinha acabado de passar das oito da manha. Me virei na cama olhando para um dos lados do quarto, e me deparei com a minha roupa devidamente passada, e esticada na cadeira da penteadeira do quarto, a olhei arqueado a sobrancelha, isso não e bom, não queria causar problemas a ninguém, e ate onde eu sei, o Justin não sabe passar roupa. Ou sabe?
Me levantei e decidi tomar um banho para espantar a preguiça, afinal o meu dia seria longo eu acho, se tudo acontecer como eu imagino, embarco hoje mesmo para o Brasil. Assim que terminei de colocar a roupa bateram na porta, abri e era ele perguntando se não iria tomar café, disse que não precisava, e que alias já estava de sida.

-Mas pra onde você vai?

-Não se preocupe comigo, eu vou ficar bem!

-Como não?

-Acredite, o dia esta lindo, e eu sei que ele guardara o melhor pra mim hoje!

-Se você diz!... Qualquer coisa e so me ligar!<pegou o telefone que estava nas minhas mãos, e anotou o seu numero>

-Pode deixar, eu ligarei!<sorri>

-Agora vamos tomar café!

-Mas eu...

-Sem discussão!

Peguei a minha bolsa e descemos para o café. Depois do café ele me perguntou se eu queria uma carona para algum lugar, eu disse que estava tudo bem. Antes de sair, ele me levou ate a porta, perguntou se queria algum taxi, e desta vez eu aceitei, afinal não tinha noção da onde estava. Depois de uns 10 minutos o taxi pareceu, nos despedimos normalmente como amigos, afinal estávamos em “publico” entrei no taxi, peguei um papel na bolsa onde estava o endereço do apartamento e o entreguei, ele ligou o carro e em seguida pegou a primeira saída do condomínio, olhei pra trás e ele estava parado no portão, provavelmente esta foi a ultima vez que o vi.

               

Segui o caminho inteiro olhando pela janela, estava tensa com a possível conversa que teria com o Paul, eu não sei o que ele queria ao certo comigo, e confesso que esta incerteza estava martelando na minha cabeça. Depois de mais uns 20 minutos ele parou em frente ao prédio, paguei a corrida e o agradeci saindo do carro em seguida, entrei e me identifiquei como moradora, e o porteiro liberou a minha entrada, peguei o elevador e o meu coração deu uma breve disparada, assim que parei rente a porta, as minhas mãos suaram, e a minha boca secou, merda eu estava tensa. 
Coloquei a chave na fechadura, e parecia que iria salvar a minha mãe da guerra de tão tensa que estava. Que Deus a tenha. Abri a porta e a sala estava vazia, entrei e a fechei atrás de mim, dei alguns passos adentrando melhor na sala, e pude vê-lo sentado na varanda, com o celular em uma das mãos, e a outra apoiando a cabeça, de costas pra mim. Coloquei a bolsa no sofá e respirei fundo, ele elevou a cabeça virando o rosto de lado, se virou completamente, e se levantou ao me ver.

-Mary?... Aonde você estava?<veio em minha direção me dando um abraço forte>.. Eu estava preocupado, não preguei os olhos!<se desvencilhou de mim>

-Desculpa, mas eu precisava de um tempo...

-Ta, mas custava retornar as minhas ligações e as mensagens?

-Já pedi desculpa!<disse meio seca>... Eu só voltei para pegar as minhas coisas!<disse me afastando dele>

-Pegar?... Aonde você vai?

-Embora, e o melhor que eu faço!<segui em direção ao quarto onde estavam as minhas coisas>

-Ou melhor?... Aonde você vai?... Por acaso nesta noite que passou fora já arrumou um novo servicinho a "la Lust”?<se referiu a boate>

-Não Paul!<entrei no quarto, e ele atrás de mim>... Eu não arrumei nada, mas não quero ficar aqui as suas custas...

-Mas nos já não tínhamos combinado que você...

-E MAS NÃO DA!... Depois do que aconteceu na cafeteria, eu...

-Ainda não acredito que você sumiu só por causa de ontem!

-Mas e lógico, vocês dois estavam de risinhos, trocas de olhares...

-Mas e daí?... Eu sou descompromissado!

Ele tinha toda razão, ta certo, ele e solteiro, bonito, bem sucedido, chama a atenção aonde passa, e lógico causa alvoroço nas mulheres. Porem...

-Você esta certo, e sim voçe e descompromissado, mas perante a sociedade nos somos namorados ou esqueceu-se daquele dia na festa?<ele colocou a mão na cabeça, e baixou o olhar>... E ela sabe disso, não e a toa que ela foi à sua casa naquele dia, e me enfrentou, pra ela nos somos namorados, e ela só estava te esfregando na minha cara!... Ela não te ama!<desabafei o encarando>

-Você tem razão, eu estou sendo um idiota, e eu esqueci completamente daquele dia, para a sociedade nos somos um casal!<ele me encarou>... Mas mesmo assim, isso era motivo para você vir pra casa e se entupir de sorvete como toda boa namorada!... Por que sumiu, e aonde ficou com toda aquela chuva?

-Eu fiquei com vergonha, e dormi em um hotel!<uma parte era verdade, e a outra logicamente mentira>... Eu acabei fazendo um vexame na cafeteria, e eu sei que você não gosta disso!... Eu fiquei com medo de você ter ficado com raiva de mim, e me mandar ir embora...

-Claro que não Mary, eu não sou um cafajeste!... Apesar de ter feito papel de um, mas a culpa foi minha!<o encarei, ele estava assumindo algo?>... Eu não deveria ter feito o que fiz com você!<se aproximou, será que ele vai dizer que esta apaixonado por mim como estou por ele?>... Não deveria ter feito você se passar por minha namorada naquele dia, eu acho que fiz somente para fazer ciúmes na Andrea!

      

O meu queixo foi ao chão, mas o que eu poderia fazer, ele estava certo, a culpa foi minha, eu preciso mesmo aprender, levar na cara, e saber que não sou mulher para um homem só, não sou capaz de fazer um homem feliz, pelo resto da vida, somente por um dia e olhe la. Senti o meu peito apertar, mas o que eu poderia fazer, absolutamente nada, a não ser aceitar a minha realidade.
Ele me pediu desculpas novamente, e claro eu aceitei, insisti para ir embora dos Estados Unidos, mas ele disse que seria melhor para mim que eu ficasse (Mas isso era para mim, ou para ele?). Depois de um pouco de insistência da sua parte, eu concordei, ele disse para que eu entrasse em contato com a minha irmã no Brasil, que ele mandaria a passagem para ela vir ficar comigo em Los Angeles, e para todos os efeitos, seriamos amigos, e sempre que quiséssemos ficar juntos iríamos a um hotel, por isso combinamos que nada de clientes no apartamento (Mas isso seria obvio afinal, eu não sou idiota de colocar homens no apartamento em que moro com a minha irmã mais nova).
Ele disse que teria um compromisso em quatro horas em Las Vegas, e precisaria ir embora, já tinha mandado a Nina ir na frente para ir adiantando tudo, por isso não poderia ficar comigo esta semana, e que só voltaria semana que vem, ou na outra.

-Você vai ficar bem?<disse ja na porta segurando o meu rosto com as duas mãos>

-Vou!

-Promete me ligar se acontecer algo?

-Prometo!

-Não fica brava comigo!

-Não estou!

-Vou fingir acreditar!<me deu um selinho demorado>... Se cuida!<disse rente a minha boca>

       

-Você também!

-Deixei um dinheiro na comoda para fazer compras, e ir se mantendo ate voçe voltar a trabalhar!<no caso voltar a me vender>

-Não precisa...

-Ja deixei!... Agora eu vou indo!

Ele deu as costas, pegando o elevador em seguida, eu entrei e fechei a porta apoiando a cabeça na mesma, olhei ao meu redor, e agora eu tinha um lugar fixo para estar, de certa forma isso era bom pra mim.
No decorrer da semana, eu terminei de ajeitar a casa, e colocá-la do meu jeito, ou tentar deixá-la com a minha cara, pela primeira vez eu tinha um lugar só meu, e de certa forma isso me deixou feliz por ter ficado mais uma vez, talvez o meu lugar não seja mais no Brasil.
Depois quase uma semana acomodada no apartamento, notei que ainda tinha que fazer algo importantíssimo, compras de mercado. Eu estava fazendo tudo aos poucos, e parecia que nada rendia naquela casa, então decidi tomar um banho e ir no mercado mais próximo, por que ficar comprando as coisas aos poucos, e comprando refeiçoes prontas e pizzas uma honra enjoa.
Depois de quase tudo que eu precisava no carrinho, decidi pegar um sorvete, as vezes não tem nada melhor do que um delicioso sorvete para alegrar o dia. Abri o freezer, e escolhi o sabor chocolate, que por sinal era o ultimo que tinha. Assim que o peguei, o gelo que estava em volta do pote fez os meus dedos escorregarem, fazendo o pote deslizar da minha mão e ir de encontro ao chão.

-Peguei!<ouvi uma voz masculina amparando o meu belo, delicioso, e ultimo pote de sorvete de chocolate>

-Obrigada!<sorri me virando para ver quem era o meu herói>


-Mary?

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