Acompanhante? cap 67

Depois que eu terminei de preparar o lanche segui para a sala e a convenci de vermos um filme como fazíamos antes, escolhemos um de comedia que tinha acabado de começar, e enquanto “assistíamos”, e comíamos o nosso lanche, conversávamos sobre como estavam as coisas no Brasil, ela me contou mais uma vez, so que com detalhes como a Cris tinha se envolvido com o “nosso tio”, e confesso que so de pensar nele sinto o meu estomago revirar, literalmente. Eu fiquei passada com as coisas que ouvi dela, e sinceramente, senti dentro do meu coração que eu a retirei daquela casa a tempo. Depois de muitas conversas e risadas por causa do filme, e também de coisas bobas que falávamos, ela me fez uma pergunta que me deixou com o coração na mão.

-Me conta Mary, onde você esta trabalhando, que pleno dia de semana não esta ocupada?

Ela me encarou com um sorriso que fez o meu coração via a boca diversas vezes e voltar para o lugar, sinceramente eu não tinha ideia do que falar a ela, eu não poderia simplesmente chegar para ela e falar que eu era uma GP, primeiro que provavelmente teria que explicar a ela, fato que seria extremamente constrangedor falar para a minha Irma mais nova que eu vendia o meu corpo por dinheiro, seria complicado demais.

-Mary?

-Oi!<disse despertando dos meus pensamentos>

-Em que você trabalha?

-Em uma agencia de acompanhantes...

-Acompanhantes?<a encarei sem saber como explica-la>

-E... E de... De idosos, isso, e uma agencia de acompanhantes de idosos!

-E o que você faz la, leva os velhinhos pára passear como se fazem com cachorrinhos?<sorriu divertidamente>

-Que horror Ingrid!<taquei uma almofada nela>... Mas e bem, isso ai mesmo, não como cachorros claro!<sorri amarelo, detesto mentir para ela, mas foi por uma boa casa, não me sentiria bem em falar a verdade a ela, não agora>

         

-Que bom, deve ser legal!

-Sim, e legal, eu aprendi muito, acredite!

-Imagino!... E ai, o que vamos fazer no seu aniversario, falta menos de uma semana?

-Por hora nada, não estou muito no clima de natal!

-Estou vendo, nem arvore, de natal que sempre foi tradição na nossa casa você tem!

-Não, eu realmente não estava com nenhuma vontade...

-Estava, por que agora esta por que eu cheguei para alegrar a sua vida!<sorrimos>... Amanha de manha poderíamos sair para comprar uma arvore?<me olhou com carinha de pidona>

-Eu tenho outra opção?<a encarei divertidamente>

-Bom, se você não tiver dinheiro, esta tudo...

-Esta tudo bem quanto a isso, não precisa se preocupar, da para comparar uma arvore, e talvez sair para almoçar, ou fazer um bom almoço no meu aniversario!<sorrimos>

-Ótimo!... Agora me diz uma coisa, você já fez muitos amigos aqui?

-Não, eu estou aqui a pouco mais de dois meses, ainda não tenho muitos amigos aqui!

-Há, mas tem!... Bem que poderia convidá-los para o seu almoço de aniversario!

Os amigos no qual eu me referi, eram o Justin, o Bruno, o Mark, talvez o Josh, A Nina, e o Paul, se bem, que ele esta tão mudado, que e bem capaz de que ao invés de receber uma flor como presente receba alguma palavra dura vinda de sua parte.

-Mary?... Esta ai?<sorriu balançando a sua mão na minha frente>

-Sim, estou!... Eu acho melhor so nos duas mesmo!<sorri amarelo>

-Ta bom, fazer o que!<bocejou>... Estou pregada por causa do vôo!<resmungou>

-Imagino que sim, por que não vai para o seu quarto descansar, amanha teremos um dia longo!

-Tudo bem!... Você também vai deitar?

-Vou sim!<olhei no relógio e já passava da uma da manha>

-Então boa noite Irma!<me deu um abraço e se levantou!

-Boa noite!<sorri, estava feliz por ela estar aqui comigo>... Sabia, eu gostei do seu cabelo cor de rosa, esta parecendo aquela menina daquele programa infantil que você adorava...

-Ah, não me lembre para com isso, isso e sacanagem...

-Me lembrei, era Lazytown, você dizia que queria pintar o cabelo de rosa para ser aquela menina!<ela me olhava com uma careta muito engraçada>... Por acaso esta realizando o seu sonho?

                    

-Tinha esquecido de como você e chata!<cruzou os braços>

-Eu sei que você me ama!<me levantei para abraçá-la>

-Esta e a sua sorte!<sorriu me abraçando de volta>

-Vamos dormir, você deve estar exausta!... Stephanie!

-PARA!

Sorrimos e seguimos cada uma para o seu quarto, me despedi dela e disse que o que ela precisasse era so em chamar. Entrei em meu quarto, tomei mais um banho rápido e me troquei para dormir, me deitei e em pouco tempo já estava sentindo o sono me consumir, e em meio a felicidade de ter a minha irmãzinha comigo, acabei adormecendo.

Acordei com um peso no outro lado da cama, me virei calmamente vi os seus cabelos rosa espalhado no travesseiro ao lado, nem senti ela se acomodar ao meu lado. Me virei completamente virada de frente para ela que estava de costas para mim, sorri me lembrando dos dias difíceis após a minha vinda, em minha cabeça passaram-se flashs da minha chegada a Vegas, ao dia em que fui leiloada como um pedaço qualquer de carne, e quando pensei ter tirado a sorte grande ter sido “comprada” pelo Paul, de como foi louco me deitar com homens diferentes todas as noites, as diversas mãos que tocaram o meu corpo, as bocas que percorriam pela minha pele, as vezes me deixando arrepiada e cheia de desejo e as vezes me deixando enojada ate mesmo de mim. Lembrei da Laísa, do Mahteus, da Sueller, de como fui ingênua. Sera que terei coragem de falar para a Ingrid que ela seria tia?

Sera que teria coragem de contar a ela ao menos 50% de tudo o que já passe desde que sai do Brasil? Contar a ela que fui presa, que parei no hospital, e perdi o meu filho por uma overdose de cocaína, que em uma festa eu transei com dois caras diferentes, que estavam acompanhados, que eu recebo jóias e dinheiro por vender o meu corpo, por dar prazer sexual a outros homens e mulheres, por bens financeiros, e que ainda faço isso, de uma forma mascarada, mas faço?

Sera que ela aceitaria a minha versão de estar de certa forma lutando para sair de tudo isso, e não so por mim, mas por ela também? Que o meu sonho e encontrar alguém que me ame de verdade, que me de uma família, que me de uma palavra de conforto no final da noite, que um dia possa dizer que me ame, nem que seja na hora de minha morte?

Senti os meus olhos marejarem, tudo dentro de mim parecia confuso, eu tinha duvidas de como agir daqui para frente, da mesma forma que estava feliz por ela estar comigo, estava tensa em tentar saber como iria mascarar tudo isso, como iria trabalhar, sem deixar suspeitas a ela. Respirei fundo forçando os meus olhos na tentativa de não deixar as lagrimas caírem, me virei de barriga para cima e me perdi no branco do teto, a minha imaginação tentativa desenhar varias coisas como se fosse uma tela em branco.

-Bom dia! <disse me despertando dos pensamentos confusos que ainda pairavam em minha cabeça>

-Bom dia!... Teve pesadelo?<sorri olhando para ela>

-Não, só estava com saudades da minha irma!... Juro que esta noite eu durmo a noite toda no meu quarto!

-So quero ver!... Já passa das dez da manha, que tal sairmos para tomar um café fora?<disse me levantando da cama>

-Amei a ideia!... Sera que esta muito frio la fora?

-E melhor você se agasalhar bem!<disse abrindo a janela>... Não esta com cara de que vai dar praia!<sorri>

-Se e que aqui faz calor né?... Me empresta aquele seu casaco de ontem?

-Claro, e claro!<respondi as duas perguntas de uma vez>... E só pegar ali no meu armário, vê do que gosta!<segui para o banheiro>

-Obrigada, eu vou tomar um banho e já venho pegar!

Ela seguiu para o seu quarto, e eu fui tomar um banho. Assim que terminei coloquei algo bem quentinho, estava terminando de me arrumar quando ela entrou no meu quarto, estava da calça, bota e um casaquinho de cara dava para notar bem que ela não aguentaria o frio da rua. Depois de encasacá-la bem, como uma mãe agasalharia o seu filho para sair no frio, (Ela quase me matou por isso!)

 Saímos de casa, e como eu imaginei estava bastante frio, e mesmo estando bem agasalhada, ela disse que subseguia sentir um pouco de desconforto. Pegamos um taxi e paramos em uma cafeteria bem frequentada que era próximo do shopping onde iríamos depois, nos acomodamos, fizemos os nosso pedidos, e ficamos esperando ao mesmo tempo que jogávamos conversa fora.

-Nossa aqui e tudo muito lindo!<disse admirada>

-Sem duvidas, eu gosto daqui!<disse dando uma golada no meu café>

-Eu não acredito no que estou vendo!<disse em um tom mais baixo>

-O que foi?

-Aquele ali entrando, não e o Justin Timberlake, e a esposa?<disse olhando para a porta que estava atrás de mim>

-Provavelmente!<disse sentindo o meu corpo enrijecer>

Nossa o Justin, quanto tempo não o via, ele nunca mais me procurou, e eu nunca mais o vi novamente, sinto que se fechar os meus olhos sem nem mesmo precisar forçar a minha memória, lembro perfeitamente do seu cheiro, do seu toque, dos seus lábios percorrendo o meu pescoço.

-Mary?... Acorda!<disse estalando os dedos na minha frente>

-Oi, o que foi?

-Ele passou e te olhou!

-Olhou?

-Sim, e a mulher dele também!... Eu sorri para ela!

-E ela?

-Retribuiu!... Nossa fiquei mega tensa agora!<sorriu>

-O que você mais vai ver aqui e artista, pode ir se acostumando!

-Nossa será que um dia eu encontre o Taylor Lautner andando por ai?<sorriu abertamente>

-Quem sabe!

Olhei para frente e notei que ele olhou para trás, me viu o olhando e sorriu, abaixei o olhar e sorri também em resposta, não queria ficar dando mole por ai, ele estava com a esposa a tira colo. Retomei o assunto com a Ingrid, e de canto de olhos os vi indo em direção a porta, mas ela o segurou pela mão, e eles desviaram o caminho e vieram e nossa direção.

-Eu te conheço!... Voçe não e a namorada do Paul Henderson?<disse me procurando o meu olhar>

-Jessica!<sorri direcionando os meus olhos a ela>... E na realidade sim!<sorri meio sem jeito me levantando para cumprimentá-la>

-Como vai, tudo bem?<demos um abraço rápido em forma de cumprimento>

-Sim, e você?... Vocês no caso!<olhei e sorri para o Justin>

-Estamos bem, como vai?<disse me abraçando também>... Que saudade!<disse rente ao meu ouvido>

-Também!<disse no mesmo tom>... Esta e a minha irma Ingrid!<a apresentei a eles que a cumprimentaram com carinho>

-Se você não tiver para onde ir, gostariam de almoçarmos conosco no dia de natal?<Jessica disse sendo muito simpática comigo>

Olhei para o Justin que sorriu em um pedido mudo que sim, olhei para a Ingrid que me olhou quase ameaçando-me de morte se eu não aceitasse. Sinceramente, eu não sei por qual motivo eles pararam para falar comigo, não sei por qual motivo eles estão nos convidando, mas eu sinceramente não confio em mulheres, e se ela descobriu que o marido dela eventualmente dormiu comigo algumas vezes, sendo que em uma delas foi na garagem da sua casa, dentro de um dos carros deles. E se ela esta a fim de me ridicularizar, ou tentar, pois mal sabe ela que esta e a minha “profissão” Apesar de ser um convite tentador, eu preferi não me arriscar.

-Sinto muito!<disse vendo Justin cerrar os olhos e a Ingrid fazer uma terrível cara de decepção>... E que o dia de natal e também o dia do meu aniversario, e eu já programei algumas coisas para fazer coma minha irma que chegou ontem do Brasil para ficar comigo!<justifiquei>

-A tudo bem!<sorriu parecendo meio decepcionada>... Mas se caso mudar de ideia, e so aparecer!... Da a ela um dos seus cartões amor, voçe liga e te passamos o endereço, mas liga antes, quero te mandar uma lembrança pelo seu aniversario!

-Obrigada não precisa se incomodar comigo!

-Imagina, eu gostei muito de você naquele dia, você foi muito gentil, e extremamente simpática!<sorriu me abraçando novamente>... E outra, mulheres lindas, e bom ter como aliadas sabe!<sorriu piscando o olho para mim!

-Claro, sei bem!

-Liga não, ela e exagerada mesmo! <Justin sorriu de canto>

-Não sou exagerada, sei do que estou falando!<o olhou seriamente>... A Mary é mulher, e sabe do que estou falando, não e?<me encarou>

-Perfeitamente!<sorrimos>

Eles se despediram da Ingrid, e de mim novamente com um abraço afetuoso, nem preciso dizer que a Ingrid estava com um sorriso do tamanho do rosto. Depois que eles foram embora, a Ingrid so faltou me comer viva por não ter falado para ela que eu conhecia o Justin e a esposa dele, mas já pensou se eu contasse a ela?

Depois de acalmar a minha "ferinha", terminamos o nosso café e seguimos para o shopping para comprar a nossa arvore de natal, e algumas coisas como alguns casacos para que ela parasse de usar os meus. Tivemos um dia agradável e assim como o café, também almoçamos fora, voltamos para casa já no inicio da noite, com uma nova e linda arvore de natal para se montada ainda, alguns casacos novos para ela, e claro uma pizza a tira colo, por que ninguém era de ferro. Mas a melhor coisa era a felicidade estampada no nosso rosto, era muito bom estarmos juntas novamente.