Ele arqueou a sobrancelha, segurei em sua mão e seguimos
para o meu quarto, era melhor falar agora e resolver tudo de uma vez ao invés
de fazer as coisas aos poucos. Confesso que tudo o que ele me falou deixou o
meu coração em estado de “graça”, me deixou boba, e que se não fosse pela minha
gravidez, sem duvidas um lindo sorriso estaria estampado em meu rosto, e as
lagrimas estariam brotando dos meus olhos como um riacho de água corrente, pois
ele estava me oferecendo tudo o que eu sempre sonhei, ser o cara para que eu
chame de meu.
Seguimos para o meu quarto, me sentei na cama e o coloquei
sentado a minha frente, ele parecia confuso, e o brilho de seus olhos deram
lugar a um olhar de duvida e de incompreensão. Eu olhei dentro de seus olhos
sem conter que algumas lagrimas de angustia caíssem dos meus olhos, de medo,
pois provavelmente ele retiraria tudo o que acabara de me dizer na sala. Ao
menos ate um teste de DNA.
-Fala Mary você esta me deixando ainda mais tenso!
-Eu menti pra você!
-Mentiu?<imediatamente uma expressão de decepção tomou o
seu rosto>... Em que sentido?
-Quando fomos ao medico, eu disse que não tinha nada de
grave, mas...
-Mas?... O que você tem?... Você esta doente?
-Não e uma doença!
-O que e então, fala logo!
-Na realidade eu tenho 18 anos de idade, e eu estou
grávida!<imediatamente abaixei a cabeça, não conseguiria olhar em seus olhos
agora>
-Grávida?<sua voz saiu um pouco mais baixa que o normal
ficando completamente mudo em seguida>... 18 anos?
-Falsificaram o RG no Brasil para que eu me tornasse
prostituta!... E eu serei mãe!<o encarei novamente>
-Meu Deus!
Senti uma agonia enorme, uma pontada enorme no meu peito, fazendo
as lagrimas rolarem com mais força agora, em um choro mais intenso, e cheio de
dor. Ficamos quietos por um tempo, ate ele quebrar o silencio.
-De quem e o bebe?
Apenas balancei a cabeça negativamente permanecendo sem olhar
em seu rosto se quer. Coloquei a mão na minha barriga, em forma de dizer ao meu
bebe que mesmo acabando de jogar uma vida familiar fora, eu fiz por ele, pois
agora que ele estava aqui comigo, dentro de mim, eu o protegeria de todas as
formas, não importando se ele teria um pai ou não.
-Por que você não me contou antes?<quebrou o silencio>
-Eu não tive coragem!
-Quando iria me contar?
-Eu não sei!
-Voçe disse que se cuidava!
-Eu me cuidava!... Não sei o que aconteceu!
-Voçe tem ideia de quem pode ser o pai, ou de quantos?...
Desculpa falar assim...
-Eu te compreendo!... Acredite, isso e vergonhoso para
mim!<o meu choro saiu em forma de soluço, nunca me senti tão vulnerável como
agora>... Eu transei com 3 homens sem preservativo!<admiti sentindo todo
o meu corpo pegar fogo de vergonha>
-Então o seu bebe tem 3 possíveis pais?
-Sim!
-Incluindo a mim?
-Sim!<elevei o olhar e por sorte ele encarava a janela de
costas para mim>
-Quem mais?
-O Justin...
-Timberlake?<virou um pouco o rosto>
-Sim!... E o Paul!
Ele abaixou a cabeça, parecia decepcionado agora, mas
infelizmente eu não iria mais mentir para ele, afinal qualquer um deles poderia
ser o pai do meu bebe.
Mais uma vez o silencio reinou naquele quarto, eu sem
saber o que dizer, e talvez ele sem ter mais o que falar. Este silencio era
capaz de acabar com qualquer coração, era um silencio doloroso, de decepção, de
angustia. Não tive coragem de me mover para nada, nem ao menos de lhe perguntar, ou dizer algo.
Depois de um tempo olhando pela janela, ele se virou para mim, estava com os olhos avermelhados, e um pouco umedecidos, me senti
péssima ao vê-lo daquele jeito, mas eu não tinha o que fazer, em momento algum
eu pensei em fazer algo contra a vinda do meu bebe, e não seria um olhar de
decepção que faria com que eu mudasse de ideia, mesmo sendo do homem que eu
mais tenho carinho e admiração no momento, o homem que me completa.
-Eu preciso ir!<foi a única coisa que saiu de seus lábios>
-Não posso te segurar, ou implorar que fique!... Compreendo
a sua decepção...
-Eu não estou decepcionado!... E só... Estou meio
perdido!<disse e saiu do quarto>
Não tive coragem, ou me faltou forças para ir atrás dele,
mas se eu fosse o que iria dizer a ele? Ouvir a porta bater fez com o meu
coração rachasse um pouco mais. Eu tinha acabado de jogar algumas coisas pela
janela, jogado uma futura família, um homem lindo que estava disposto a talvez
me aceitar como sou, e me proporcionar um futuro diferente, mas estava
orgulhosa de mim mesma, pois tenho o meu bebe para me fazer companhia, mesmo
não sendo a mesma coisa.
Me ajeitei na cama, a única coisa que eu queria agora era o
meu edredom, e pela primeira vez que clamei por ele, ele estava ali para me
acolher. Me senti em posição fetal neste momento, e completamente desprotegida,
eu sou uma pessoa forte, tenho que me considerar assim, mas ate as pessoas mais
fortes tem os seus dias de fraqueza, e a ideia de não te-lo comigo, era
difícil de digerir.
Senti a um peso do outro lado da cama, e virei o meu rosto
rapidamente, a única coisa que consegui ver foi um vulto rosa, e os seus braços me
envolverem por cima do edredom. Para a minha sorte ela estava aqui, e parecia disposta a me proteger, sendo que este papel era definitivamente meu, mas neste
momento eu realmente precisava do seu abraço.
Sem conseguir conter as lagrimas,
me rendi a ela quase que em desespero, vinham como uma onda de emoção que passou destruindo
tudo o que vinha pela frente, uma dor estranhamente forte arrebatava o meu peito neste momento. Sem ter muito o que pensar naquele momento somente chorar,
senti o meu corpo enfraquecer com as lagrimas doloridas, acho que acabei
adormecendo de tanto chorar.
Acordei com o quarto escuro, um silencio de dar medo, a cama
vazia, e uma fina chuva do lado de fora. Respirei fundo, me lembrando de tudo o
que tinha acontecido durante a tarde, toquei os dedos em meus lábios lembrando
do sabor dos seus, acho que era a única coisa que teria agora, a lembrança. Fui
interrompida dos meus pensamentos por ela aparecendo na porta.
-Como você esta?
-Acho que bem!<disse segurando o choro>
-Eu já ia te acordar, você precisa comer algo, dormiu a
tarde inteira, e a noite quase toda!
-São que horas?<me sentei>
-Acabou de dar 20:30!... Eu me arrisquei na cozinha!
-Ai Deus, acho que estou sem fome!<forcei um sorriso>
-Chata!... Eu fiz um sanduíche e suco de laranja!
-Não deve estar tão perigoso então!<me olhou seriamente
fingindo estar com raiva>
-Vai comer ou não?
-Não estou com fome!
-Mas já imaginou que o meu sobrinho, ou sobrinha pode
estar?... Agora você não pode pensar só em você, mas nele também!!
-Tudo bem, mas só um pouco!
-E neh, já e um começo!
Seguimos para a cozinha, e ela me serviu o lanche, fiz mais
uma graça quanto a estar com receio de comer, que a fez sorrir, mas e que no
fundo eu estava realmente meio tensa, ela sempre foi péssima na cozinha, mas errar um
sanduíche de queijo, e um suco de laranja em caixinha, acho meio improvável de acontecer. Comi o lanche que por sinal estava muito bom, conversamos um pouco
tentando evitar ao máximo o assunto de mais cedo, e ela pareceu compreender a
minha situação.
Estávamos no meio do papo quando ouvi o meu celular tocar, ela
se ofereceu para pegar o aparelho pois ele estava no quarto, e enquanto ela foi
buscar eu segui para sala.
-Quem e?<perguntei ao vê-la retornando>
-E o seu chefe, ao menos e o que esta escrito!<sorriu me
entregando o aparelho deitando ao meu lado colocando a cabeça na minha
perna>
-Ola Josh!<disse tentando transparecer que estava tudo
bem>
-Mary tudo bem?
-Mais ou menos, estou meio indisposta hoje, mas sabe como e!
-Compreendo!... Então você não poderá trabalhar hoje?
-Não estou me sentindo muito bem...
-E uma pena, o cliente fazia questão de que fosse você!... E
eu tinha certeza que você o atenderia...
-Quem e?
-Mark...
-MARK?... Claro, eu vou, que horas, onde, como deverei
ir?<disse sentindo os meus olhos marejarem, ele era o único cliente que
fazia questão de atender>
O Josh me passou, o horário, o endereço de onde ele me
pegaria, e como eu deveria me vestir para a festa, encerrei a ligação o
agradecendo.
Enquanto eu tomava banho e me arrumava, expliquei para a Ingrid
que o Mark era um cliente especial, e que estava mais para um amigo do que
qualquer outra coisa. A exatamente 21:24 eu estava pronta, devidamente vestida,
e maquiada, me despedi da minha princesa, dei todas as recomendações que ela já
sabia de cor e salteado, e segui para o hotel onde me encontraria com ele.
Assim que o taxi parou na porta do hotel, fui recebida pelo manobrista com um guarda chuva,olhei para o interior do hotel, e o avistei com uma taça de champanhe em
mãos conversando com um homem muito bem vestido assim como ele. Assim que me viu, ele se despediu
do homem e veio ao meu encontro.
-Minha querida!<abriu os braços em forma de
cumprimento>... Senti a sua falta!<disse baixinho me dando um beijo no
rosto>
-Tudo bem?
-Melhor agora!... Vamos?<entramos no carro e o motorista
logo deu partida>
-Como você esta?
-Levando meu amor, o meu namorado ainda não sai da minha
cabeça, aquele desgraçado, me trocou por uma loira falsa, que raiva!
-E assim mesmo, a vida nunca e fácil pra ninguém!
-Que carinha e esta meu amor?... Voçe não esta muito bem!
-Eu estou grávida Mark!<o olhei e foi impossível conter
as lagrimas>
-Minha nossa!<me puxou para um abraço>... Mas como
assim, me explica direito!
Eu expliquei a ele tudo o que aconteceu, sei que nele eu
posso confiar, afinal ele não ganharia nada com uma informação destas, mas e
claro eu não disse quem eram os possíveis pais, e ele discretamente não me
perguntou sobre isso.
Ele me disse que esta noite ele faria questão me fazer
sorrir, e que hoje ele seria a minha companhia.
Chegamos ao tal evento que era de moda, ele ficou
conversando com alguns caras relacionados ao evento, enquanto algumas moças, acho
que eram aspirantes a estilistas vieram puxar assunto comigo, eu não conseguia
entender nada que elas falavam, por isso apenas concordava com a cabeça, e
sorria fazendo a “bonita”.
A noite estava agradável e agora ele estava com a
sua atenção voltada a mim, e fazia questão de me fazer sorrir sempre, dançamos,
e claro ele não me deixou beber nada alcoólico, comer? Apenas coisas leves, parecia ate o meu
pai ou “mãe”.
So sei que o Mark conseguiu tirar boa parte do peso que estava em
meus ombros, ele foi muito importante pra mim esta noite, e ele definitivamente
apareceu para fazer bem a minha noite, se bem que algo me dizia que ainda tinha
mais por vir.
Pouco depois da meia noite, eu comecei a me sentir muito
enjoada, e ele fez questão de me levar em casa, e diferente das outras vezes, eu
aceitei que ele me levasse ate a portaria do prédio.
-Como voçe esta?
-Mais ou menos, mas eu vou ficar bem!
-Não deveríamos ter dançado tanto!<sorrimos>
-Foi maravilhoso, muito obrigada meu amigo!
-Imagina, você e sempre maravilhosa!... Quero dar
algo!<colocou a mão no bolso tirando um talão de cheques>
-Não, por favor não precisa...
-Shii!... Quieta, eu disse que era pra você?... Isso e para
voçe comprar as coisas que precisar para o bebe, ou para fazer algum exame,
enfim, para qualquer despesa, e se você precisar de algo, e so me ligar!
-Muito obrigada!... Eu não sei o que seria das boas pessoas
que atravessaram o meu caminho...
-Voçe merece, e um anjo de pessoa!
Nos despedimos com um abraço forte, e um beijo no rosto, em
seguida sai do quarto e logo entrei no prédio.
Assim que adentrei ao
apartamento, a Ingrid já estava dormindo sem duvidas pois estava tudo escuro, e
no total silencio. Segui direto para o meu quarto, tomei um banho rápido,
passei hidratante no corpo, coloquei uma camisola preta e longa, e antes de me
deitar o interfone tocou, olhei para o relógio e acabara de marcar 1 da manha, arregalei
os olhos e imaginei um milhão de coisas, porem, só uma pessoa viria aqui
durante a madrugada. Segui ate a cozinha e o atendi o interfone.
-Oi!<disse receosa, mas no fundo sabia quem era>
-Sei que você sabe quem é!<na hora reconheci a sua
voz>
Apertei o botão e liberei a sua entrada, fiquei pensando em
varias coisas diferentes para o fato dele estar aqui a esta hora da madrugada,
afinal ele saiu daqui durante a tarde com uma cara nada boa, e parecia estar
muito bravo comigo.
Ouvi batidas na porta me despertando dos meus pensamentos,
provavelmente ele bateu para não acordar a minha Irma.
-Bruno?<disse assim que abri a porta>... O que faz
aqui?
-Eu estava me sentindo vazio novamente!
-Entra!<lhe dei passagem>
-Voçe saiu?
-Fui trabalhar!<ele arqueou a sobrancelha em um semblante
meio triste>... Atendi o Mark! <segui para o meio da sala me sentando no
sofá>
-O seu cliente gay?<disse em um tom mais
despreocupado>
-Sim!<abaixei a cabeça e sorri de canto>
-Esta tão linda!... A gravidez esta te fazendo muito bem,
esta mais bonita a cada dia!
-Obrigada!... Pensei que não te veria nem tão cedo desta
vez!
-Você não se livrara de mim assim tão fácil!<esticou a mão
para que eu me levantasse e assim eu fiz>
-Não?<olhei dentro dos seus olhos>
-Não!... Ainda mais depois que eu descobri que tenho duas pessoas muito
importantes aqui!<me encarou com um simples esticar de lábios>
-Duas?<senti o meu coração querer sair pela boca neste
momento>
-Você!<aproximou o meu corpo do seu passando a mão na minha
cintura>... E o nosso bebe!<passou a outra mão na minha barriga>
Eu simplesmente travei diante das suas palavras, não
consegui dizer nada, e a única coisa que consegui foi olhar em seus olhos com
cara de adolescente apaixonada.
Acho que era exatamente assim que estava me
sentindo, completamente apaixonada. O seu sorriso foi maior agora, me deixando
com olhos marejados, senti o seu corpo se aproximar ainda mais do meu, fechei
os olhos e esperei os seus lábios encontrarem os meus, em uma união perfeita de
nossas bocas, acho que o nosso beijo nunca tinha sido tão bom, e verdadeiro
como agora.
A sua língua pediu passagem em minha boca explorando cada
centímetro dela, fazendo a minha cabeça dar voltas, eu nunca tinha me sentindo
assim antes, tão bem, e tão segura.
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