terça-feira, 13 de maio de 2014

E agora? cap 70

                  

Acordei não sei quanto tempo depois em uma sala branca, cheia de aparelhos, e logo em seguida reconheci bem o lugar, eu estava em um quarto de hospital, este era bem diferente do qual fiquei da outra vez, parecia ser algo mais luxuoso, e tinha bem menos barulhos externos do que o anterior. Olhei ao meu redor e a Ingrid estava sentada em uma poltrona olhando pela janela de costas pra mim.

-Ingrid?

-Mary?... Que bom que você acordou, estava com tanto medo!<disse vindo me abraçar>

-O que esta acontecendo?

-Você não se lembra, passou mal em casa...

-Disso eu me lembro, mas o que aconteceu, por que eu estava sangrando?

-Disso eu não sei, os médicos só disseram que iriam colher sangue para fazer alguns exames!... Eu não sei o que fizeram com você, o Bruno e eu ficamos do lado de fo...

-O Bruno, já foi né?

-Não, ele só foi tomar um café acho!... Ele te trouxe para um hospital incrível, parece que e parti...

-Ele não pode ficar aqui!

-Por que não?... A e a propósito, tem mais algum famoso que você conheça?<me encarou seriamente>

-Aqui não e lugar Ingrid!

-Af, tem!... Eu vou querer saber de todos!<sorriu>

-Mary?<fomos interrompidas pela porta se abrindo, e ele entrando quarto a dentro>... Como você esta?

-Estou bem, eu acho!... Bruno você precisa ir embora!

-Mas por quê?

-Simples!... Você e uma pessoa publica, vai que alguém da mídia fica sabendo que vo...

-Eu não me importo, você e a minha amiga acima de qualquer coisa!

-Uma GP sua amiga?

-Para de drama Mary ninguém sabe que você e GP...

-Engano seu!... Eu trabalho em uma agencia que só atende homens da alta sociedade, e eu ja atendi muitos deles...

-Não me interessa!<saiu de perto de mim>... Desculpa, mas eu não fico confortável em ouvir você falando isso!

-Eu só não quero te prejudicar!

-Eu só quero saber o que você tem!... Quando sair algum resultado, eu vou embora!

-E só para o seu bem Bruno, eu...

-Esta tudo bem!<me olhou>... Se é o que você quer eu vou embora!

-Bruno eu não quero!<ele se aproximou novamente de mim na cama>... Mas e o certo!

-Ta bom, quando sair o resultado eu vou!<sentou ao meu lado>... Eu só quero ir tranqüilo, saber que você esta bem, e que não tem nada de grave!

-Tudo bem!... A propósito, por que me trouxe para um hospital particular?... Eu não tenho dinheiro para...
-Ei, quem esta falando algo aqui sobre isso?... Esta tudo bem!

-Eu prometo te pagar assim que eu sair daqui, eu dou o meu...

-Mas e claro que você vai me pagar!<sorriu maliciosamente>... Da forma mais prazerosa possível!<me deu um selinho>... Me fazendo bem como só você sabe fazer!<me deu mais um selinho que evoluiu para um beijo mais intenso>

                              

Por um segundo esquecemos que não estávamos sozinhos no quarto, nos desvencilhamos do beijo e olhamos para o lado, vendo a Ingrid com cara de espanto, tipo meio que boquiaberta. Pigarreamos e eu olhei dentro dos seus olhos, e ele sorriu.

-Desculpem interromper!<disse uma enfermeira entrando no quarto>

-O resultado do exame já saiu?<disse ele se levantando e olhando para ela>

-Então, tivemos alguns problemas, e o exame só ficara pronto pela manha!... Eu sinto muito!

-Tudo bem!<lamentei>

-E a jovem infelizmente precisa ir antes das 7 da noite!

-Ela ira, obrigada!<disse e em seguida ela se retirou>... Bom, parece que passarei a noite aqui!

-Eu não quero ir!<disse Ingrid parando ao meu lado>... Quero ficar com você!

-Você viu que não pode ficar!... Bruno será que você poderia deixar a Ingrid em casa, por favor?

-Claro, sem problemas!... Eu a deixo na sua casa e volto!

-O senhor a deixara la, e vai para casa!<o encarei>

-Eu não quero ir pra casa, vou voltar!<foi firme>

- E eu também não quero ir pra casa!

-Vocês estão muito cheios de “quereres”, não e assim que as coisas acontecem!

-Por que eu não posso ficar aqui?

-Por que você e muito nova, e são as regras do hospital!... Você não ouviu a enfermeira falando?

-Sim!<disse mais seria, e emburrada>

-Então me obedeça, por favor!... E o senhor vai descansar, acabou de chegar de viagem!

-Tudo bem!<disse em concordância>... Eu levo a sua irma em casa, e vou para minha!<disse se aproximando para se despedir>

-Bruno, eu estou te confiando a minha vida, a pessoa que mais amo!

-Eu sei, pode confiar em mim!

-Obrigada, eu sei que posso!<ele me deu um selinho rápido>

-Fica bem Mary!<disse me abraçando rapidamente>

-Você também!... Olha Ingrid, não abra a porta para ninguém, não atenda o telefone, não tente cozinhar nada, tem comida na geladeira, e só esquentar no microondas...

-Ta bom Mary!... Fica bem!
                           

Depois que eles foram embora eu virei o rosto para a janela do quarto, e a neve ainda caia razoavelmente forte, imagino o frio que não esta la fora, ainda bem que aqui dentro estava quentinho. Fiquei pensando nos motivos que me fizeram parar aqui, será que estou com, alguma infecção? Será que foi a comida de natal que não me caiu muito bem? Estresse? Aborrecimento? Merda quer me matar, e me deixar curiosa.
Resolvi parar de pensar e tentar ver um pouco de TV, fiquei entretida em um canal de comedia que nem vi a hora passar, entrei em uma espécie de transe com a TV, só conseguia sorrir com a piadas. Fui interrompida não sei quando tempo depois por uma enfermeira, ela disse que iria trocar o meu soro, e me aplicar mais uma medicação, ela disse que eu já estava liberada para me alimentar, e que logo logo a copeira passaria com a refeição.

-Você esta bem?

-Estou com um pouco de cólica ainda, mas nada assustador!

-Esta medicação te ajudara com a dor!...

-Obrigada!

-Você ainda esta tendo sangramento?

-Não sei, acho que não!... Ainda não fui ao banheiro!

-Tudo bem, quando você for, se ainda estiver sentindo algo me chame!... Sou a enfermeira Clarence!

-Obrigada!<agradeci gentilmente mais uma vez>

Ela terminou o que estava fazendo, e se retirou do quanto. Não demorou muito e a copeira veio com a minha refeição como ela disse, agradeci e ela foi embora sem nem me olhar, provavelmente ela deve estar estressada, quem gosta de trabalhar em dia de natal?

++++

Tive uma madrugada tranquila, levantei algumas vezes para ir ao banheiro, e eu não estava mais tendo sangramentos, mas as náuseas continuavam, e por causa delas passei alguns minutos a mais no banheiro.
Vi a manha chegar recostada na cama, “Legal agora alem de estar de observação sem saber o que tenho, estou com insônia também”.
A enfermeira apareceu novamente no quarto, me perguntando se eu estava bem, eu disse a ela sobre as náuseas, e disse que não estava mais tendo sangramentos, ela disse que anotaria tudo no meu prontuário. Ela me comunicou que já tinha autorização do medico para me retirar do soro, e assim ela fez. Disse também que logo me trariam um kit de higiene pessoal com outro roupão, toalha limpa, e um estojo com escova, pasta, sabonete e estas coisas para o banho. A agradeci gentilmente e ela se retirou.

Agora livre do soro tinha mais mobilidade com o meu braço, e decidi me sentar em uma poltrona que tinha no quarto, liguei a TV e voltei a me entreter ate a mesma copeira da noite anterior aparecer com o meu café, lhe dei bom dia, afinal eu sou educada, porem, mais uma vez ela não me respondeu, dei de ombros e fui apreciar o meu café da manha que não estava tão mal.

Algum tempo depois uma moça me trouxe tudo o que a enfermeira falou, e disse que se eu quisesse poderia ir tomar banho enquanto limpavam o quarto, agradeci a ela e segui para o banho.

                       

 A água quentinha caia no meu corpo me deixando um pouco mais leve, de certa forma estava mais tranquila, afinal dor eu não estava sentindo mais. Fiquei pensando em como a Ingrid passou a noite, em como ela esta, se não se machucou com algo, ou se o apartamento ainda estava inteiro. Eu confio nela, mas sabe como são os adolescentes.

-Af, adolescentes, com coisa que eu sou adulta!<resmunguei>

A vida esta me obrigando a crescer, afinal eu fiz 18 anos ontem, e olha onde estou pela segunda vez em menos de um ano, em um hospital, este e definitivamente e o meu recorde “odeio médicos”.
Terminei o meu banho e coloquei aquela roupa ridícula de hospital, estava um frio terrível no banheiro, por isso me apressei para sair logo, creio eu que o quarto esteja mais aquecido. Assim que sai já estava sozinha, e o quarto muito cheiroso, me senti confortável, e para amenizar logo o frio, me enfiei em baixo das cobertas, porem não durou muito tempo.

-Bom dia!... Mariane Almeida?

-Sim senhor!... Bom dia!

-Eu sou o Dr Mayson obstetra!... Como se sente esta manha?

-Bem!... Tive uma noite longa sem sono!<sorri>... O resultado dos meus exames saiu doutor?

-Sim, eles estão em minhas mãos, conseguimos fazê-lo durante a madrugada...

-Espera ai, o senhor disse Obstetra?

-Sim!<sorriu>... Qual e a surpresa?

-E que obstetras cuidam de...

-Grávidas!... E isso mesmo, você não precisa se preocupar, você não tem nada grave, apenas esta esperando um bebe segundo o seu beta HCG...


                          

Eu senti o chão desaparecer debaixo dos meus pés, eu não poderia estar grávida de novo, eu tinha perdido um bebe a alguns meses. Senti os meus olhos marejarem, eu não sabia decifrar o que estava sentindo neste momento, era um misto de medo, angustia, eu não posso estar grávida, não agora.
Porem isso era um dos meus menores problemas agora, o negocio era, como eu iria conseguir cuidar de tudo, filho, casa, irma, e sem poder trabalhar por muito tempo.

-Esta tudo bem assim?<disse me despertando dos meus pensamentos>

-Desculpa doutor, definitivamente eu me perdi quando o senhor disse que eu teria um bebe!

-Esta tudo bem!... Eu disse que vou te dar alta, o sangramento não prejudicou o bebe, você só não pode fazer algumas coisas!... O que te ocasionou o sangramento?

-Eu mão sei, só sei que me aborreci muito, e muito feio!

-Compreendo!... Voçe não pode se aborrecer demais
como aconteceu, não pode pegar peso, não pode beber, fumar, e muito menos consumir algum tipo de droga ilícita...

-Não, claro que não, eu não uso nada de ilícito!

-Isso e maravilhoso!... Bom, vou te receitar alguns remédios para dor, para amenizar o enjoo matinal, e algumas vitaminas para você, e para o bebe por conta deste sangramento!

-Tudo bem!... Eh, ele esta bem doutor?

-Ainda não posso te dizer ao certo se sim, ou se não, por que marquei a sua ultrassonografia para semana que vem, mas eu posso ouvir o coraçãozinho dele agora, ou ao menos tentar se você quiser!

-Sim, por favor!

-So um minuto, vou pegar o doppler para tentar ouvir!

Ele se retirou da sala me deixando com os meus pensamentos, eu estava aflita, sem saber como agir, sem saber o que fazer a partir de agora, eu precisava dar um jeito na minha vida imediatamente.
Se bem que a única coisa se passava na minha cabeça era... Quem e o pai do meu bebe?
Ele retornou com o aparelho, pediu que eu abrisse o roupão do hospital deixando a minha barriga exposta, ele passou um gel na mesma, e ligou o aparelho o colocando em seguida na minha barriga, ele mexeu algumas vezes fazendo um pouco de força, mas infelizmente ele não conseguiu detectar nada na minha barriga, fato que me deixou ao mesmo tempo que aliviada, preocupada. Aliviada pois o exame poderia estar errado, e eu não estar grávida, e preocupada era que se eu estivesse, e ele não ouviu, ele poderia estar... Eu não queria nem pensar nisso.

-Bom, não conseguimos ouvir nada, mas não se preocupe, isso e normal, você deve estar de pouquíssimas semanas!<disse me encarando>

-Que bom!<de certa forma fiquei tranquila>

-Enfim, temos um encontro marcado semana que vem, você fará o exame, e fará o seu primeiro pré-natal!

-Obrigada doutor!

-Bom, como você já esta liberada, e só esperar alguém para vir te buscar!... Ate, se cuide!

Eu o agradeci novamente e ele saiu em seguida, olhei para o relógio no quarto, e me lembrei que não tinha nada comigo, nem bolsa, nem celular, nem dinheiro nada.
 Me levantei da cama, e fui ate e alguma enfermeira para saber se tinha a possibilidade que eu desse telefonema para uma empresa de táxi, eu o pagava assim que chegasse em casa, mas ela me informou que alguém teria que assinar a minha alta, e de forma nenhuma eu poderia sair sozinha do hospital.



Definitivamente o dia estava complicado pra mim, voltei para o quarto e me deitei novamente, abri um pouco o roupão e olhei para a minha barriga ainda inexistente, e pensei em como seria agora, como iria trabalhar, em que iria trabalhar, definitivamente ninguém quer uma prostituta grávida, senti a minha cabeça dar um no, já estava quase entrando em estado de desespero sozinha pensando em varias possibilidades, quando ouvi o barulho da porta.

-Ola meu anjo!<entrou e imediatamente cobri a minha barriga>... Desculpe só aparecer agora, e que acabei dormindo muito tarde ontem, como você esta?<me deu um selinho>

-Estou bem Bruno!... E a minha irma?

-Acho que bem!... A deixei em casa, lhe dei o meu telefone para que me ligasse se acontecesse algo, e como ela não ligou..

-Ai meu Deus será que aconteceu algo?

-E como ela não ligou, eu liguei para ela esta manha, e ela estava muito bem obrigado!<sorriu>... Calma!

-Estou tentando!

-E os exames?... Ainda nada?

-Saíram sim, eu ate já estou de alta!

-E serio?

-Sim, só não fui porque precisava de alguém para assinar-la!

-Então vai se trocar, eu vou assinar a sua alta, acertar a conta, e te levar pra casa!<disse se levantando e saindo em seguida>

Me levantei e segui para o banheiro para me trocar, coloquei a mesma roupa que tinha chego, não estava la muito limpa, mas era a única que tinha, e era vestido, então não tinha sujado de sangue.
Estava voltando do banheiro quando ele entra novamente, disse que poderíamos ir, e eu o sigo corredor a fora. Ele colocou a sua mão em minha cintura, e eu disfarçadamente a retirei, não acho prudente estarmos com tanto contato, ao menos em publico, e como já tinha dito na noite anterior, não quero lhe causar problemas.
Saímos por uma entrada mais reservada, onde o seu carro estava estacionado, ele abriu a porta para que eu entrasse, e em seguida após se acomodar saiu com o carro. Durante o percurso ele me perguntou o que eu tive, eu disse que os exames estavam bem, e que foi um aumento de pressão, ele me questionou sobre o sangramento, e eu disse que o medico me aconselhou a procurar um ginecologista, e que por hora, era só a minha regra mensal que tinha vindo muito forte. Eu não queria mais mentir, mas agora era preciso, afinal o que eu iria falar para ele “Parabéns, acho que você sera papai?”

Ele parece ter caído na minha, e acabou não entrando mais no assunto, conversamos sobre outras coisas ate que enfim estávamos em casa. Ele me ajudou a descer do carro, e seguiu comigo para o meu apartamento, estava com receio de como iria encontrá-lo, queria saber como a Ingrid estava, e se passou bem a noite. Já na porta do “ape”, eu toquei a campainha uma, duas, três, quatro, cinco vezes, e eu já estava ficando tensa pensando em um milhão de coisas, quando ela enfim abriu a porta.


-Mas que demora para abrir esta... Meu Deus!<disse assustada>

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