Depois de um tempo apenas deitada, senti a necessidade de ir
ao banheiro, assim que terminei as minhas necessidades eu parei em frente ao
espelho, apoiei as mãos na bancada e me encarei, olhei dentro dos meus olhos, e
me senti sem vida, frágil alem do extremo, apesar do tratamente ser fraco para não atingir a minha filha, senti que estava com a sobrancelha rala, com os
braços e as pernas quase sem pelos, e alem disso, cheia de duvidas, com varias
incertezas no coração. Passei as mãos pelos cabelos, e olhei para as minhas
mãos em seguida, olhei novamente para o meu reflexo.
-E, parece enfim chegou a minha hora, a hora que eu mais temi!
Ao decorrer da semana eu liguei para a Urbana, e marcamos o
dia em que ela viria para ao Brasil, ela disse que já tinha comprado a passagem,
e que viria de qualquer jeito, se eu ligasse ou não, mesmo que ela tivesse que montar
acampamento no aeroporto. A Urbana e a pessoa certa, e a pessoa que eu preciso
para estar aqui comigo agora. A semana se passou calmamente, no decorrer dela eu completei 3 meses longe de Los Angeles, 6 meses de
gestação, uma gestação não esperada, mas que me deu tantas alegrias, que acabou ofuscando todo o medo, e angustia que estou passando.
A minha filha era um bebe agitado, e sempre estava se
mexendo muito, e eu amava ficar deitada alisando a minha barriga, sentindo os
“calombos” que ela formava na mesma, doía um pouco, ainda mais por que eu
estava com a pele sensível, mas era muito bom ficar fazendo cócegas nos
calombos para que ela os desfizesse.
No dia em que a Urbana chegaria, eu tinha
medico, por sorte ela so chegaria no inicio da noite, pois eu me lembrei que
tinha tratamento no mesmo dia, e eu não poderia falta de forma alguma.
Fui ao medico para fazer mais um torturante dia de tratamento, não era
algo tão chato e cansativo, por que eram apenas alguns comprimidos, mas eu
precisava ir ate o hospital tomá-los, e ficar por um tempinho esperando eles
fazerem efeito, mas preciso confessar que o "torturante" e depois, por que eu fico chata, cansada, e
ainda mais enjoada, parece que a minha filha não gosta nada, nada de todo este processo, por que ela se mexe o tempo inteiro, não para um segundo, e todo
mundo que se aproxima de mim consegue ver ela se movimentando dentro da minha
barriga.
No final do dia, a Ingrid foi me buscar no hospital pois eu sempre ficava
muito fraca e meio desnorteada para ir sozinha, e definitivamente este foi um dos motivos de ter dado preferencia a um apartamento proximo ao hospital.
-Eu vou te levar para casa, e de la eu vou buscar a Urbana
no aeroporto...
-Nada disso mocinha, jamais te deixaria ir sozinha ate o aeroporto,
voçe esqueceu que so tem 14 anos?
-Mas Mary, você esta sem condições...
-Vamos direto daqui!<determinei>
Pegamos um ônibus e seguimos para o aeroporto, a cada
solavanco que ele dava, sentia a minha alma querer sair pela boca, era algo horrível,
mas dava para se acostumar com o tempo. Assim que chegamos no aeroporto, vi que
a aeronave em que a Urbana estava chegando já estava parada na pista, e as
pessoas desciam aos poucos.
A Ingrid disse para que eu me sentasse nos bancos
de saguão principal, enquanto ela iria para a área de desembarque, tentei
relutar, mas realmente as minhas pernas estavam meio que não querendo me
obedecer.
Ela foi para a área de desembarque, e eu fiquei sentada
olhando para os lados, e sentindo o meu estomago embrulhar, e aos poucos
sentindo um desconforto insuportável, ja que a minha filha tambem resolveu "sambar" dentro da minha barriga.
Sentindo que poderia passar vexame ali a
qualquer momento se não procurasse um banheiro, me levantei com dificuldade,
mas senti as minhas pernas não me obedecerem, e praticamente cai sentada no
banco, um segurança vendo a minha dificuldade veio ao meu auxilio.
-A senhora esta sozinha?
-Estou com a minha Irma, mas ela foi no desembarque, e eu
preciso ir ao banheiro!
-Eu te levo ate la, sem problemas!
O segurança me ajudou a chegar no banheiro, eu já estava
realmente muito mal, já não agüentava mais esperar, segui direto para uma
divisória deixando o enjôo me consumir. Depois de alguns minutos segui ate a
pia do banheiro lavei a minha boca, as minhas mãos, e novamente me peguei
olhando o meu reflexo, respirei fundo e fiz um calculo mental. Eu tenho 18
anos, mas parece que tenho no minimo, o triplo disso, estou simplesmente horrível.
Depois de alguns minutos ali me encarando, senti um
desconforto nas pernas, resolvi sair e me sentar um pouco para esperar elas voltarem,
mas para a minha surpresa assim que sai do banheiro, e Ingrid já vinha
praticamente correndo em sireção ao banheiro enquanto vi a Urbana falar com o guarda
que havia me ajudado.
-Que susto que eu levei quando voltei, e vi que você já não
estava mais la sentada!<disse me abraçando>
-Eu estou bem, so tive um enjôo, você sabe que e normal isso
acontecer!
-E, eu sei!
Olhei a minha frente e vi a Urbana parada um pouco a nossa
frente, meio que paralisada, me encarando sem uma expressão definida, eu olhei
para ela e ri sem jeito, porem para a minha surpresa ela me ofereceu um largo
sorriso, e veio ao meu encontro me dando um forte abraço, um abraço
confortante, um abraço de amiga, um abraço de “Estou aqui, e estarei cuidando
de você”.
-Que bom que você veio Urbana!<disse assim que nos
encaramos novamente>
-Mas e claro que viria, eu estava muito preocupada com você!...
Como você esta?<disse me encarando>
-Definhando!<disse Ingrid ao nosso lado, e eu a
encarei>... O que foi, estou mentindo?
-Olha pelo o que eu vejo a sua Irma esta certa!<disse me
olhando da cabeça aos pés>
-Ate você Urbana?
-So estou falando o que eu vejo!... Por baixo deste lenço
mal amarrado tem uma careca linda?
-Olha, uma careca tem, agora linda, sem duvidas não e!... Serio esta mau amarrado?
-Serio?< me encarou>... Assim você me ofende!<disse
me mostrando o seu cabelo que era meio raspado e metade com cabelos longos>... E não, esta tão mal!
-Mas você fica linda com os cabelos assim, e não esta doente!
-Olha, aqui não e lugar para se conversar sobre isso!... Eu
vou para um hotel, e depois...
-Para um hotel?... Eu pensei que você ficaria na minha
casa...
-Eu não quero tirar a sua privacidade!
-Imagina!... O meu apartamento não e grande, na realidade
ele e bem pequeno, mas se você quiser ficar, damos um jeito!
-Te certeza?
-Claro que sim!
-Tudo bem, eu vou ficar com você!
-Voçe pode ficar no quarto da Ingrid e ela fica comigo...
-Claro que não, não viu tira-la do seu quarto!... Damos um
jeitinho depois!
Seguimos para os taxis, estava completamente lotado, parecia
que não iríamos sair nunca dali. Já estava com as minhas pernas doloridas, e o
meu estomago estava dando sinais de um novo enjôo, quando um moço que estava a
nossa frente viu que eu não estava muito bem, estava grávida, e acabou cedendo
a sua vez para que fossemos logo embora. Entramos no taxi e a Ingrid foi na
frente, e passou o endereço para o motorista do taxi, enquanto a Urbana e eu
ficamos no banco de trás trocando algumas palavras.
-Por que você voltou para o Brasil, e saiu praticamente
fugida de Los Angeles?
-Por que eu fiquei com medo!
-Medo de que Mary?
-Eu fiquei com medo disso, deste momento!<apontei para a
minha cabeça>... Eu não iria suportar vê-lo me olhando, enquanto perdia cada
fio de cabelo do meu corpo!<disse já sentindo as lagrimas brotarem nos meus
olhos>
-Voçe nem deu chance a ele...
-Dar chance?... Ele disse que não queria mais me ver, o que
eu ainda iria ficar fazendo la?... Isso so ajudou na hora de tomar a minha
decisão de vir embora!
-E você não poderia ter falado comigo?... Pensei que
tínhamos nos tornado amigas...
-Claro que sim... Eu so pensei que, como já estava vindo
embora, ninguém iria demorar muito para me esquecer, e quando eu liguei, e ouvi
voçe chorando comigo, me bateu um arrependimento tão grande de não ter te
ligado antes!
-Voçe esta merecendo uns tapas sabia?<sorriu com os seus
olhos marejados>... Olha eu não vou mentir para você, mas eu vim para te
buscar!
-Não, eu não posso voltar!
-Por que?
-Não posso Urbana!<desviei os meus olhos dos seus,
olhando para a janela e acariciei a minha barriga ao sentir a minha filha mexer>...
E uma menina!<disse olhando para a minha barriga>
-Eu sei!... Posso?<se referiu a alisar a minha
barriga>
-Claro, ela esta mexendo!<senti a sua mão tocar a minha
barriga por cima do tecido da blusa>
-O pai babão dela já mandou pintar o quarto todo de
rosa!<sorriu>... Já esta quase tudo pronto!
-Por que ele fez isso?
-Por que ele ama vocês!... E ele tem esperança que você
volte logo!
-Não deveria ter!<olhei para ela que apenas respirou
fundo em forma de lamento>
Ficamos mudas o restante do caminho ate que chagamos em
casa. Subimos com as suas malas e adentramos ao meu “apertamento” como eu
costumava chamá-lo, como os imóveis em são Paulo eram caros, eu estava morando em
um apartamento pequeno, com 2 quartos, sendo que um era dependência. Um
banheiro, sala e cozinha, eram mais que suficiente para a Ingrid e eu.
Passamos a noite depois do jantar apenas conversando coisas bobas e matando a
saudade, e claro entre as minhas idas e vindas ao banheiro enjoando por causa do
tratamento.
A Urbana me mostrou varias formas de usar o lenço na cabeça, ou no
pescoço e um chapéu, ela realmente estava sendo muito importante para mim
naquele momento.
Já era por volta das 21:00, e eu tentava traduzir algumas cenas da novela para a Urbana na qual ela tinha se interessado, quando o seu telefone começou a tocar, ela
olhou o aparelho e disse que era o Phill.
-Oi meu amor!
-(...)
-Cheguei sim, foi tudo bem!<sorriu>
-(...)
-Não, eu estou no apartamento com a Mary!
-(...)
-Ele esta ai e?<ela olhou para mim, imaginei que fosse o
Bruno e imediatamente balancei a cabeça negativamente>
-(...)
-Ela já esta dormindo!<disse revirando os olhos>...
Ela passou mal durante o dia, e se recolheu mais cedo!
-(...)
-Diz a ele que ela esta bem!<me encarou>... A filha
dele esta bem, e aparentemente esta bem grandinha, por que ela esta com um
barrigão lindo de 6 meses, e ela chuta muito viu, ela e muito esperta!<disse
olhando dentro dos meus olhos, e tocando em minha barriga>
-(...)
-Eu sei meu amor, se cuida, e cuida dos nossos filhos Phill,
tenta não perde-los no mercado, ou dormir e esquecer deles acordados!
-(...)
-Sei!<disse sorrindo>... Mande um beijo para eles, e
diga que a mamãe os ama!
-(...)
-Eu também te amo!... Boa noite amor!
-(...)
-Eu vou, em uma semana, e enquanto isso, eu curto a linda
cidade!... Tem cada bofe mara aqui!!<sorriu divertidamente>
-(...)
-Serio?... Vou cobrar tudo isso quando voltar!
Eles engataram uma conversa super animada ao telefone, era
tão bonito vê-los juntos.
Me levantei do sofá e segui para a janela, me recostei na
parede e fiquei olhando para o céu. Me sinto tão abençoada em ter a
possibilidade de carregar um ser tão perfeito dentro de mim, sinto tanto medo
de não conseguir arcar com as minhas responsabilidades de mãe com ela, de não
conseguir ser a mãe que ela merece, e de prejudicá-la antes mesmo dela nascer,
de colocar a sua vida em risco, mesmo que sem nenhuma intenção de te fazer mal,
medo de perder o seu coração precocemente, de não conseguir ter tempo de olhar
nos seus olhos e dizer que a amo mais do que a mim mesma. Sinto medo de não
conseguir te fazer feliz, de não poder te dar a ela o que tanto merece, e so con seguir fazer isso, enquanto ela ainda esta dentro de mim, pois eu sei que provavelmente não terei tempo de te dar
quando já estiver em meus braços.
Peço a Deus que me de ao menos alguns minutos de vida para
conseguir olhar em seus olhos, e conseguir partir em paz em seguida, de saber
que a deixei em boas mãos, e que de onde eu estiver estarei olhando por você,
que serei o seu anjo protetor, a luz que vai iluminar a sua vida e tentar
protegê-la do perigo de onde quer que eu esteja. Pretendo ser o anjo que vai habitar a sua vida, tentando não deixar que nada de mal aconteça com ela. A minha luta e para estar ao seu lado, mas eu sei que por conta da minha decisão em Los Angeles, tenho a convicção de que isso não sera possivel.
Queria poder sentir o seu cheirinho de bebe, a sua mãozinha suave tocar os meus seios enquanto se alimenta, os seus olhinhos encarando os meus enquanto troco a sua frauda, o seu choro de manha ao despertar e saber que sou a pessoa que ela quer ver pela manha. Mas sei que ja recebi um grande presente em poder gera-la, em poder colocar mais um anjo na terra, e so por isso, ja me sinto ainda mais abençoada.
Me peguei em lagrimas desenfardas enquanto alisava a minha
barriga, e mentalizava tudo o que eu queria te falar naquele momento. A minha
filha sentia exatamente o que eu queria lhe passar, eu sabia que sim, por que
sempre que eu falava com ela ficava quietinha, parecia que parava para me ouvir, tornando o meu momento com ela ainda mais especial. Isso era o que me deixava mais
tranqüila, saber que ela estava ali comigo, me ouvindo, e sendo o motivo da
minha luta diária pela vida.
Olhei para o lado e a Urbana estava me encarando, olhei para
ela e intensifiquei o meu choro, e imediatamente ela veio me abraçar forte, sem
dizer absolutamente nada, apenas me abraçou respeitando meu silencio.
(Às vezes, essas paredes parecem cair em mim)
But when I look in your eyes, I feel alive
(Quando eu olho em seus olhos, me sinto viva)
Some days, we say words that don't mean a thing
(Em alguns dias, dizemos palavras que não significam nada)
But when you're holding me tight, I feel alive
(Mas quando você está me segurando forte, me sinto viva)
Make it last forever
(Pode durar para sempre)
Come on, baby, won't you hold on to me, hold on to me?
(Vamos, bebê, você vai se segurar em mim, se segure em mim?)
(Você e eu juntas)
Come on, baby, won't you hold on to me, hold on to me?
(Vamos, bebê, você não vai se segurar em mim, se segure em mim?)
Blue
(Blue)
Each day, I feel so blessed to be looking at you
(A cada dia, me sinto tão abençoada de estar olhando pra você)
Cause when you open your eyes, I feel alive
(Porque quando você abre seus olhos, me sinto viva)
My heart beats so damn quick when you say my name
(Meu coração bate tão rapidamente quando você diz meu nome)
When I'm holding you tight, I'm so alive
(Quando estou te segurando firme, estou tão viva)
Now let's just live it up
(Agora vamos viver)
Make it last forever
(Pode durar para sempre)
Come on, baby, won't you hold on to me, hold on to me?
(Vamos, bebê, você vai se segurar em mim, se segure em mim?)
You and I together
(Você e eu juntas)
Come on, baby, won't you hold on to me, hold on to me?
(Vamos, bebê, você não vai se segurar em mim, se segure em mim?)
Blue
(Blue)
- Ok, não sei se e por eu ser mãe, mas neste cap eu chorei, esta conversa com a filha mexeu comigo, e foi meio dificil esta parte para mim.
- Espero que tenha gostado, e se tiver gostado ou não, por favor deixe a sua opinão!
Olá Cássia!!!! Estou aqui para te parabenizar pela fic Count on me, vim aqui pq não consegui comentar nas paginas da fic... fiquei acordada até as 5 da manha hj pra terminar de lê-la.. não consegui parar até terminar.. parabéns... vc tem muito talento.. e que venham muitas outras fics... mil bjuss
ResponderExcluirOla Faci!! Muito obrigada meu anjo, imagina sem problemas!!
ExcluirNossa eu fico realmente radiante em saber que ela te agradou tanto assim, me dixa com sensasão de dever cumprido, e isso e gratificante de vdd!!
Tudo o que eu faço e pensando em vcs, pensando o que sentiriam quando lessem, e saber que alguem amoui, para mim, isso não tem preço!!
Obrigada meu anjo, que venham!!!
Obrigada por ler e comentar!