sexta-feira, 11 de julho de 2014

Volto! cap 90


Ela dormiu no meu quarto, e acabamos dividindo a mesma cama. Me senti mal por não ter deixado ela ter uma boa noite de sono, afinal me levantei varias vezes por noite para ir ao banheiro devido ao meu enjôo, que se intensificam nos dias de tratamento.


Eu vi a manha chegando como quase todas as noites, ela enfim tinha conseguido dormir, e para não correr o risco de acordá-la novamente, me levantei e fui ao banheiro que fica fora do meu quarto. Tomei um banho fiz a minha higiene matinal, voltei para o quarto e me troquei, olhei no relógio e ainda eram 07:25 da manha, sai do quarto novamente tentando emitir o mínimo de barulho possível. Fui ate o banheiro novamente e amarrei um lenço na cabeça assim como ela tinha me ensinado na noite anterior, peguei a minha bolsa e sai para comprar um pão fresco, queria oferecer um bom café da manha para a minha ilustre convidada.

Voltei da padaria e a casa ainda estava silenciosa, fui direto para cozinha e deixei o café encaminhado. Senti que acordei um pouco melhor hoje, estava me sentindo mais disposta, e parece que a minha pequena também, pois logo cedo ela já se mexia horrores.


-Bom dia para você também meu amor!... Parece que acordou animada hoje minha vida!<sorri acariciando a minha barriga>... Sabe, a mamãe esta com algumas duvidas, e todas elas acabam terminando no seu bem estar sabia?<me sentei na cadeira da mesa da cozinha>... Eu preciso me tratar para manter você bem, e fora de perigo, e ao mesmo tempo não posso me tratar de verdade para não te prejudicar!<coloquei as mãos nos olhos ao sentir eles arderem>... Me perdoa minha filha, a mamãe fez tanta coisa nesta vida, e sinto que te prejudiquei diretamente, e jamais me perdoarei por isso, queria poder te dizer quem e o seu pai de verdade, e quando fosse embora, te deixar com ele, porem nem eu sei esta resposta, e eu sinto tanto por isso!... E por outro lado sinto que indiretamente te dei o melhor pai do mundo, o melhor que eu poderia te oferecer, por que mesmo sem saber a verdade, ele te ama incondicionalmente, eu pensei que me afastando, ele nos esqueceria, mas parece que não deu muito certo, e ele continua te amando, acho que nos amando, e nos também o amamos não e minha vida?

-E claro que ele ama vocês, e muito sua doida varrida!<me assustei ao ouvir a voz da Urbana atrás de mim>

-Que susto!<sorri>

-Desculpa, mas foi impossível não ouvir a sua “conversa”!

-Tudo bem, esta a muito tempo ai?

-O suficiente para ouvir que você o ama!<sorriu>

-E, eu acho que sim!... Eu o amo, pena que so descobri agora que estou longe dele, e com pouco tempo de vida!

-Não fala assim, você vai ficar bem Mary!

-Eu não vou, você sabe disso!

-Voçe so não vai se continuar relutando, e negando voltar comigo!... Pensa bem, vai ser melhor para vocês 3!... Para você, que recebera o tratamento adequado, para o Bruno que poderá ter voçes ao lado, e para a sua filha que terá a mãe dela por muito mais tempo!<disse nos servindo uma xicada de cafe>

-Eu não sei Urbana, eu já estou fazendo o tratamento aqui, já estou sendo bem assistida...

-Desculpa, mas se você realmente tivesse sendo bem assistida, você não estaria nestas condições, estaria mais forte, e bem mais cuidada!<disse se sentou ao meu lado>... Mary você esta magra demais, você praticamente “sumiu” desde a ultima vez que te vi, eu consigo ver os seus ossos das costas, eles saltam aos olhos, e você não era assim!

-Eu não posso tomar uma medicação muito forte, se não vou acabar prejudicando a minha filha!... Eu morro de medo de morrer, antes de ao menos ver os seus olhos!

-Eu sei disso, você tomou uma decisão muito seria, uma decisão de mãe!... Olha eu vou te contar uma coisa, quando eu tinha 19 anos de idade, eu fui diagnosticada com câncer de mama no estagio 1, eu fiz todo o tratamento, e estou aqui!

-Voçe teve câncer?

-Tive, foi um a fase difícil, dolorosa, assustadora, mesmo sedo em estagio 1 que e o menos agressivo, eu tive medo, mas eu fiz tudo direitinho!... Mas agora eu te pergunto uma coisa!... Se você realmente morrer, aqui no Brasil, longe de nos, longe do pai da sua filha, com quem ela vai ficar?

-Eu... <definitivamente fiquei sem palavras>

-Com a Ingrid?... Com ela que não poderá ser, por que a Ingrid e de menor, e pelo o que eu sei, as duas vão para um abrigo Mary!


-Não, eu quero que elas fiquem em um abrigo!

-E o que você pretende fazer?

-Eu não sei!

-Pois e, você esta tão preocupada em deixar a sua filha bem, em deixa-la assistida, mas esqueceu que o que você tem e muito serio, e se você morrer, ela não terá com quem ficar se você permanecer aqui, alias, nenhuma das duas!... Já la, ela terá o pai dela, que mesmo podendo não ser o pai de verdade, ele a ama do fundo da sua alma, os olhos dele brilham ao falar desta criança Mary, e lindo!

-Eu sei, ele estava feliz com o bebe...

-Então, e alem de tudo a sua irma também vai estar bem amparada, vocês terão a ele, a mim, a todos os meninos, as irmãs dele, enfim, a família toda vai te acolher de braços abertos, eu sei disso!... A questão aqui agora, não é mais você, é a sua filha, é a sua irma, as duas mulheres que você mais ama na vida que eu sei!<vi as lagrimas correrem dos seus olhos juntamente com as minhas>... Volta?<pediu com a voz embargada, em meio a um choro baixo>... Por elas, por você, por mim!<segurou firme em minhas mãos>

-Você promete que se eu morrer, você não vai deixar a minha sozinha, pelo menos ate ela atingir, a maioridade?... Eu sei que isso não e obrigação sua, mas e um pedido de amiga...

-Não precisa nem me pedir Mary, e lógico que sim, mas eu sei que você vai vê-la crscer, e se tornar uma mulher forte como você!...Diz pra mim que você vai voltar!

-Eu... <balancei a cabeça positivamente diversas vezes, em meio a um choro contido>... Volto com você!

-Obrigada, nossa como você e difícil ter acordo!<sorrimos em meio as lagrimas>

Nos abraçamos fortemente deixando a emoção que estávamos sentindo falar por nos duas, definitivamente ela estava certa, e em momento nenhum eu pensei em onde a minha filha ficaria se eu morresse, definitivamente la era o único lugar que a minha filha, e a minha irma ficariam seguras se caso eu morresse.
Família, nem sempre e aquele que nasce com você, a família pode ser composta de pessoas que você conheceu a pouquíssimo tempo, mas que já se preocupa com o seu bem estar ao ponto de coloca-lo em primeiro lugar. Eu encontrei uma família ao lado dele, e por varias vezes eu imaginei estar sozinha, mas agora eu estou vendo que não estou, e que eu posso contar com eles.
A semana passou muito bem, e muito rápida, eu enjoei todos os dias como sempre devido a medicação, mas mesmo assim, fiz quentão de mesmo com limitações mostrar um pouco da cidade para a Urbana no período da tarde, quando eu chegava do escritório. Ela foi ate o aeroporto e comprou mais duas passagens, uma para mim, e outra para a Ingrid, ela definitivamente tinha vindo preparada e decidida a me levar de volta.
A propósito nos meus últimos dias na empresa, eu recebi todo o apoio do meu novo chefe quando disse que voltaria para Los Angeles para concluir o meu tratamento, e que ficaria próximo do pai da minha filha para quando acontecesse o que esperávamos, tanto elas como a minha Irma estariam bem assistidas.

-Muito obrigada senhor Jose, o senhor me apoiou muito, neste tempo em que estive aqui, e so o fato de ter me empregado quando eu mais precisei, foi maravilhoso, e eu nunca mais esquecerei o senhor por isso!

-Vai com Deus minha filha, e eu sinto muito por tudo isso que esta acontecendo com você, e lamento muito por tudo o que esta por vir, e definitivamente você não merecia!... Conheci você e as suas irmãs bem pequenas, eu as peguei no colo, e ver você indo embora assim, e sem saber se um dia voltara, e devastador!

-Eu sei que não vou mais voltar, mas eu sei que estarei em um bom lugar, assim espero!

-Eu tenho fe que você vai ficar curada, e vai ver muitos, e muitos aniversários da sua filha!

-Queria ter a sua fe senhor Jose!<disse com a voz embargada>... Mas mesmo assim muito obrigada!

Um dia antes de embarcamos novamente para Los Angeles, eu tinha mais uma consulta, e esta seria definitiva aqui no Brasil, e as subseqüentes seriam em Los Angeles onde a Urbana tinha certeza que eu iria me curar. Ela pediu para ir comigo na consulta, em que eu passaria por alguns testes, para saber como o meu organismo estava funcionando com o tratamento, e como a minha filha estavam reagindo ao tratamento, faria uma ultrassonografia, enfim, faria uma consulta de controle da doença, e um pré-natal.


No final da consulta ele disse que a minha filha estava reagindo bem devido ao tratamento ser mais fraco, ela estava crescendo na medida, de uma forma esperada para as minhas condições, ele disse que ela não seria uma bebe “normal”, ela nasceria um pouco abaixo do peso, e da estatura, devido as "drogas" em que eu estava recebendo, e que definitivamente não poderia ficar sem elas. E quanto a mim, bem, a doença estava se alastrando devido a falta de controle correto, e que isso definitivamente não era bom, ele disse que seria normal eu ficar ainda mais fraca, ainda mais debilitada, mais magra, mais dependente das pessoas.

-Não tem como aumentar esta dose de “drogas” para que ela se sinta melhor?<perguntou Urbana ao meu lado>

-Infelizmente não!... Se aumentarmos as drogas, pode afetar o bebe, e ela acabar morrendo ainda no ventre...

-Não, isso não!... Eu não passei por tudo isso para chegar aqui e perder a minha filha!... Prefiro continuar como estou!

-Você já esta no estagio 3, que um dos mais perigosos!... Arrisco dizer que você tem no maximo 6 meses, se não começar logo um tratamento com drogas mais fortes!... Mas para isso teríamos que fazer uma cesariana de emergência!

-E quais seriam as chances de sobrevivência da minha filha?

-Bom, logo voçe estando com apenas 6 meses recém completados de gestação, ela ficaria na neonatal, porem como não esta com os pulmões, e com a maioria dos orgãos vitais, completamente formados, e talvez por também estar recebendo as drogas assim como você, eu sinto que ela não tenha muitas chances agora!

-Ninguém vai retirar a minha sem que ela esteja preparada!

-Doutor, a Mariane vai embarcar comigo amanha para Los Angeles, pois devido a tudo o que acabei de ouvir, tenho certeza que o lugar dela e la, perto do pai da filha dela, e recebendo todo o apoio e carinho nestes momentos difíceis!... Eu já me informei, e ela se tratará no Ronald Reagan UCLA ,e eu acho que e o melhor lugar para ela agora!

                  

-Também concordo, ele um dos melhores e mais especializados hospitais dos Estados Unidos, e sem duvidas ela será muito bem tratada, e recebera toda a infra-estruturar necessária para enfrentar estes meses!... E quando a bebe nascer, ela pode ser transferida para a UCLA Mattel Chidren’s!

-Exatamente, eu providenciarei pessoalmente para que elas recebam tudo necessário!

-Tomara que de tudo certo!... So tenho mais uma recomendação Mariane!

-E qual seria Doutor?

-Voçe precisa se alimentar melhor, esta muito magra, pelo que vejo você não esta seguindo a dieta que te recomendamos não e?

-Ela tem dieta especifica ne?... Bem que imaginei, ela disse que foi recomendada a não forçar a comer!

-Dissemos pata ela não forçar se estivesse passando mal, mas ela precisa se alimentar melhor!

-Tambem vou cuidar desta parte doutor!

-Desculpa!<lamentei>

Depois desta consulta que so confirmou o que eu temia, e me deu um tempo estimado de vida, eu preciso confessar que me assustei, que fiquei com medo, e que realmente a melhor escolha agora, seria voltar com a Urbana.
Eu sai do hospital muito triste com tudo o que tinha ouvido, e com muito medo acima de qualquer coisa. Ouvir que voçe tem um prazo estimado de vida não e fácil para ninguém, ainda mais quando se tem 18 anos, um filho no ventre, e sem uma base familiar forte como eu. Enquanto voltávamos para casa de taxi, a Urbana estava sentada ao meu lado olhando pela janela, parecia que nem ela tinha acreditado no que tínhamos acabado de ouvir. Eu desviei o meu olhar para a janela, e segurei firmemente as lagrimas que insistiam em se fazer presentes em meus olhos, dizem que tudo o que a mãe sente o filho também sente, e eu não queria que ela sentisse todo o medo, e agonia que estou sentindo agora, não queria que a minha filha sentisse toda esta aflição e receio de nem conseguir vê-la, mesmo o medico me dando 6 meses de vida. Alisei aminha barriga e senti ela se mexendo bem devagar, respirei fundo e elevei a cabeça, eu precisava enfrentar tudo, encarar de cabeça erguida este medo e esperar que o medico estivesse errado.

-Seja o que Deus quiser!<disse mais para mim mesma>

-Amem!<concluiu Urbana me encarando>

Olhei para ela que me encarou com um sorriso amarelo nos lábios, e segurou firme a minha mão, me passando força e confiança, que eram uma das coisas que estavam querendo me faltar agora.
 Naquele dia tiramos para embalar as coisas, arrumar as malas, e eu preferi não passar para a Ingrid o que o medico me disse, ao menos a parte do meu tempo de vida, não queria que ela sofresse, já bastava eu sofrendo, já era o suficiente, eu sofreria por nos 3.

  • Noticias tristes para a Mary, sera que ela vai suportar mais esta? esperamos que sim não e?
  • Gostaram da sua decisão de voltar? Eu gostei, e qual sera a reação do Bruno? hummm Assuntos para o proximo capitulo!!!
  • Espero que tenham gostado, e ja saberm se gostaram ou não me digam, e sempre bom falar com vcs!!
  • Obrigada e ate breve !

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