Ela dormiu no meu
quarto, e acabamos dividindo a mesma cama. Me senti mal por não ter deixado ela
ter uma boa noite de sono, afinal me levantei varias vezes por noite para ir ao
banheiro devido ao meu enjôo, que se intensificam nos dias de tratamento.
Eu vi a manha
chegando como quase todas as noites, ela enfim tinha conseguido dormir, e para
não correr o risco de acordá-la novamente, me levantei e fui ao banheiro que
fica fora do meu quarto. Tomei um banho fiz a minha higiene matinal, voltei para
o quarto e me troquei, olhei no relógio e ainda eram 07:25 da manha, sai do
quarto novamente tentando emitir o mínimo de barulho possível. Fui ate o
banheiro novamente e amarrei um lenço na cabeça assim como ela tinha me
ensinado na noite anterior, peguei a minha bolsa e sai para comprar um pão
fresco, queria oferecer um bom café da manha para a minha ilustre convidada.
Voltei da padaria e a casa ainda estava silenciosa, fui
direto para cozinha e deixei o café encaminhado. Senti que acordei um pouco
melhor hoje, estava me sentindo mais disposta, e parece que a minha pequena
também, pois logo cedo ela já se mexia horrores.
-Bom dia para você também meu amor!... Parece que acordou
animada hoje minha vida!<sorri acariciando a minha barriga>... Sabe, a
mamãe esta com algumas duvidas, e todas elas acabam terminando no seu bem estar
sabia?<me sentei na cadeira da mesa da cozinha>... Eu preciso me tratar
para manter você bem, e fora de perigo, e ao mesmo tempo não posso me tratar de
verdade para não te prejudicar!<coloquei as mãos nos olhos ao sentir eles arderem>... Me perdoa minha filha, a mamãe fez tanta coisa nesta vida,
e sinto que te prejudiquei diretamente, e jamais me perdoarei por isso, queria
poder te dizer quem e o seu pai de verdade, e quando fosse embora, te deixar
com ele, porem nem eu sei esta resposta, e eu sinto tanto por isso!... E por
outro lado sinto que indiretamente te dei o melhor pai do mundo, o melhor que
eu poderia te oferecer, por que mesmo sem saber a verdade, ele te ama
incondicionalmente, eu pensei que me afastando, ele nos esqueceria, mas parece
que não deu muito certo, e ele continua te amando, acho que nos amando, e nos
também o amamos não e minha vida?
-E claro que ele ama vocês, e muito sua doida varrida!<me
assustei ao ouvir a voz da Urbana atrás de mim>
-Que susto!<sorri>
-Desculpa, mas foi impossível não ouvir a sua “conversa”!
-Tudo bem, esta a muito tempo ai?
-O suficiente para ouvir que você o ama!<sorriu>
-E, eu acho que sim!... Eu o amo, pena que so descobri agora
que estou longe dele, e com pouco tempo de vida!
-Não fala assim, você vai ficar bem Mary!
-Eu não vou, você sabe disso!
-Voçe so não vai se continuar relutando, e negando voltar
comigo!... Pensa bem, vai ser melhor para vocês 3!... Para você, que recebera o
tratamento adequado, para o Bruno que poderá ter voçes ao lado, e para a sua
filha que terá a mãe dela por muito mais tempo!<disse nos servindo uma xicada de cafe>
-Eu não sei Urbana, eu já estou fazendo o tratamento aqui,
já estou sendo bem assistida...
-Desculpa, mas se você realmente tivesse sendo bem
assistida, você não estaria nestas condições, estaria mais forte, e bem mais
cuidada!<disse se sentou ao meu lado>... Mary você esta magra demais,
você praticamente “sumiu” desde a ultima vez que te vi, eu consigo ver os seus
ossos das costas, eles saltam aos olhos, e você não era assim!
-Eu não posso tomar uma medicação muito forte, se não vou
acabar prejudicando a minha filha!... Eu morro de medo de morrer, antes de ao
menos ver os seus olhos!
-Eu sei disso, você tomou uma decisão muito seria, uma
decisão de mãe!... Olha eu vou te contar uma coisa, quando eu tinha 19 anos de
idade, eu fui diagnosticada com câncer de mama no estagio 1, eu fiz todo o
tratamento, e estou aqui!
-Voçe teve câncer?
-Tive, foi um a fase difícil, dolorosa, assustadora, mesmo
sedo em estagio 1 que e o menos agressivo, eu tive medo, mas eu fiz tudo direitinho!...
Mas agora eu te pergunto uma coisa!... Se você realmente morrer, aqui no
Brasil, longe de nos, longe do pai da sua filha, com quem ela vai ficar?
-Eu... <definitivamente fiquei sem palavras>
-Com a Ingrid?... Com ela que não poderá ser, por que a
Ingrid e de menor, e pelo o que eu sei, as duas vão para um abrigo Mary!
-Não, eu quero que elas fiquem em um abrigo!
-E o que você pretende fazer?
-Eu não sei!
-Pois e, você esta tão preocupada em deixar a sua filha bem,
em deixa-la assistida, mas esqueceu que o que você tem e muito serio, e se você
morrer, ela não terá com quem ficar se você permanecer aqui, alias, nenhuma das
duas!... Já la, ela terá o pai dela, que mesmo podendo não ser o pai de
verdade, ele a ama do fundo da sua alma, os olhos dele brilham ao falar desta
criança Mary, e lindo!
-Eu sei, ele estava feliz com o bebe...
-Então, e alem de tudo a sua irma também vai estar bem
amparada, vocês terão a ele, a mim, a todos os meninos, as irmãs dele, enfim, a
família toda vai te acolher de braços abertos, eu sei disso!... A questão aqui agora, não é
mais você, é a sua filha, é a sua irma, as duas mulheres que você mais ama na
vida que eu sei!<vi as lagrimas correrem dos seus olhos juntamente com as
minhas>... Volta?<pediu com a voz embargada, em meio a um choro
baixo>... Por elas, por você, por mim!<segurou firme em minhas mãos>
-Você promete que se eu morrer, você não vai deixar a minha
sozinha, pelo menos ate ela atingir, a maioridade?... Eu sei que isso não e
obrigação sua, mas e um pedido de amiga...
-Não precisa nem me pedir Mary, e lógico que sim, mas eu sei
que você vai vê-la crscer, e se tornar uma mulher forte como você!...Diz pra
mim que você vai voltar!
-Eu... <balancei a cabeça positivamente diversas vezes,
em meio a um choro contido>... Volto com você!
-Obrigada, nossa como você e difícil ter acordo!<sorrimos
em meio as lagrimas>
Nos abraçamos fortemente deixando a emoção que estávamos
sentindo falar por nos duas, definitivamente ela estava certa, e em momento
nenhum eu pensei em onde a minha filha ficaria se eu morresse, definitivamente
la era o único lugar que a minha filha, e a minha irma ficariam seguras se caso
eu morresse.
Família, nem sempre e aquele que nasce com você, a família
pode ser composta de pessoas que você conheceu a pouquíssimo tempo, mas que já
se preocupa com o seu bem estar ao ponto de coloca-lo em primeiro lugar. Eu
encontrei uma família ao lado dele, e por varias vezes eu imaginei estar
sozinha, mas agora eu estou vendo que não estou, e que eu posso contar com
eles.
A semana passou muito bem, e muito rápida, eu enjoei todos
os dias como sempre devido a medicação, mas mesmo assim, fiz quentão de mesmo com
limitações mostrar um pouco da cidade para a Urbana no período da tarde, quando
eu chegava do escritório. Ela foi ate o aeroporto e comprou mais duas
passagens, uma para mim, e outra para a Ingrid, ela definitivamente tinha vindo
preparada e decidida a me levar de volta.
A propósito nos meus últimos dias na empresa, eu recebi todo
o apoio do meu novo chefe quando disse que voltaria para Los Angeles para
concluir o meu tratamento, e que ficaria próximo do pai da minha filha para
quando acontecesse o que esperávamos, tanto elas como a minha Irma estariam bem
assistidas.
-Muito obrigada senhor Jose, o senhor me apoiou muito, neste
tempo em que estive aqui, e so o fato de ter me empregado quando eu mais precisei, foi maravilhoso, e eu nunca mais esquecerei o senhor por isso!
-Vai com Deus minha filha, e eu sinto muito por tudo isso
que esta acontecendo com você, e lamento muito por tudo o que esta por vir, e
definitivamente você não merecia!... Conheci você e as suas irmãs bem pequenas,
eu as peguei no colo, e ver você indo embora assim, e sem saber se um dia voltara,
e devastador!
-Eu sei que não vou mais voltar, mas eu sei que estarei em
um bom lugar, assim espero!
-Eu tenho fe que você vai ficar curada, e vai ver muitos, e
muitos aniversários da sua filha!
-Queria ter a sua fe senhor Jose!<disse com a voz embargada>...
Mas mesmo assim muito obrigada!
Um dia antes de embarcamos novamente para Los Angeles, eu
tinha mais uma consulta, e esta seria definitiva aqui no Brasil, e as
subseqüentes seriam em Los Angeles onde a Urbana tinha certeza que eu iria me
curar. Ela pediu para ir comigo na consulta, em que eu passaria por alguns
testes, para saber como o meu organismo estava funcionando com o tratamento, e como a minha filha estavam reagindo ao
tratamento, faria uma ultrassonografia, enfim, faria uma consulta de controle
da doença, e um pré-natal.
No final da consulta ele disse que a minha filha estava
reagindo bem devido ao tratamento ser mais fraco, ela estava crescendo na medida,
de uma forma esperada para as minhas condições, ele disse que ela não seria uma
bebe “normal”, ela nasceria um pouco abaixo do peso, e da estatura, devido as "drogas" em que eu estava recebendo, e que definitivamente não poderia ficar sem
elas. E quanto a mim, bem, a doença estava se alastrando devido a falta de
controle correto, e que isso definitivamente não era bom, ele disse que seria
normal eu ficar ainda mais fraca, ainda mais debilitada, mais magra, mais
dependente das pessoas.
-Não tem como aumentar esta dose de “drogas” para que ela se
sinta melhor?<perguntou Urbana ao meu lado>
-Infelizmente não!... Se aumentarmos as drogas, pode afetar
o bebe, e ela acabar morrendo ainda no ventre...
-Não, isso não!... Eu não passei por tudo isso para chegar
aqui e perder a minha filha!... Prefiro continuar como estou!
-Você já esta no estagio 3, que um dos mais perigosos!...
Arrisco dizer que você tem no maximo 6 meses, se não começar logo um tratamento
com drogas mais fortes!... Mas para isso teríamos que fazer uma cesariana de
emergência!
-E quais seriam as chances de sobrevivência da minha filha?
-Bom, logo voçe estando com apenas 6 meses recém completados
de gestação, ela ficaria na neonatal, porem como não esta com os pulmões, e com a maioria dos orgãos vitais, completamente formados, e talvez por também estar recebendo as drogas assim como você, eu
sinto que ela não tenha muitas chances agora!
-Ninguém vai retirar a minha sem que ela esteja preparada!
-Doutor, a Mariane vai embarcar comigo amanha para Los
Angeles, pois devido a tudo o que acabei de ouvir, tenho certeza que o lugar
dela e la, perto do pai da filha dela, e recebendo todo o apoio e carinho
nestes momentos difíceis!... Eu já me informei, e ela se tratará no Ronald
Reagan UCLA ,e eu acho que e o melhor lugar para ela agora!
-Também concordo, ele um dos melhores e mais especializados hospitais
dos Estados Unidos, e sem duvidas ela será muito bem tratada, e recebera toda a
infra-estruturar necessária para enfrentar estes meses!... E quando a bebe
nascer, ela pode ser transferida para a UCLA Mattel Chidren’s!
-Exatamente, eu providenciarei pessoalmente para que elas
recebam tudo necessário!
-Tomara que de tudo certo!... So tenho mais uma recomendação
Mariane!
-E qual seria Doutor?
-Voçe precisa se alimentar melhor, esta muito magra, pelo
que vejo você não esta seguindo a dieta que te recomendamos não e?
-Ela tem dieta especifica ne?... Bem que imaginei, ela disse
que foi recomendada a não forçar a comer!
-Dissemos pata ela não forçar se estivesse passando mal, mas
ela precisa se alimentar melhor!
-Tambem vou cuidar desta parte doutor!
-Desculpa!<lamentei>
Depois desta consulta que so confirmou o que eu temia, e me deu
um tempo estimado de vida, eu preciso confessar que me assustei, que fiquei com
medo, e que realmente a melhor escolha agora, seria voltar com a Urbana.
Eu sai do hospital muito triste com tudo o que tinha ouvido, e com muito medo acima de qualquer coisa. Ouvir que voçe tem um prazo estimado de vida não e fácil para ninguém, ainda mais quando se tem 18 anos, um filho no ventre, e sem uma base familiar forte como eu. Enquanto voltávamos para casa de taxi, a Urbana estava sentada ao meu lado olhando pela janela, parecia que nem ela tinha acreditado no que tínhamos acabado de ouvir. Eu desviei o meu olhar para a janela, e segurei firmemente as lagrimas que insistiam em se fazer presentes em meus olhos, dizem que tudo o que a mãe sente o filho também sente, e eu não queria que ela sentisse todo o medo, e agonia que estou sentindo agora, não queria que a minha filha sentisse toda esta aflição e receio de nem conseguir vê-la, mesmo o medico me dando 6 meses de vida. Alisei aminha barriga e senti ela se mexendo bem devagar, respirei fundo e elevei a cabeça, eu precisava enfrentar tudo, encarar de cabeça erguida este medo e esperar que o medico estivesse errado.
Eu sai do hospital muito triste com tudo o que tinha ouvido, e com muito medo acima de qualquer coisa. Ouvir que voçe tem um prazo estimado de vida não e fácil para ninguém, ainda mais quando se tem 18 anos, um filho no ventre, e sem uma base familiar forte como eu. Enquanto voltávamos para casa de taxi, a Urbana estava sentada ao meu lado olhando pela janela, parecia que nem ela tinha acreditado no que tínhamos acabado de ouvir. Eu desviei o meu olhar para a janela, e segurei firmemente as lagrimas que insistiam em se fazer presentes em meus olhos, dizem que tudo o que a mãe sente o filho também sente, e eu não queria que ela sentisse todo o medo, e agonia que estou sentindo agora, não queria que a minha filha sentisse toda esta aflição e receio de nem conseguir vê-la, mesmo o medico me dando 6 meses de vida. Alisei aminha barriga e senti ela se mexendo bem devagar, respirei fundo e elevei a cabeça, eu precisava enfrentar tudo, encarar de cabeça erguida este medo e esperar que o medico estivesse errado.
-Seja o que Deus quiser!<disse mais para mim mesma>
-Amem!<concluiu Urbana me encarando>
Olhei para ela que me encarou com um sorriso amarelo nos
lábios, e segurou firme a minha mão, me passando força e confiança, que eram uma
das coisas que estavam querendo me faltar agora.
Naquele dia tiramos para embalar as coisas, arrumar as malas, e eu preferi não passar para a Ingrid o que o medico me disse, ao menos a parte do meu tempo de vida, não queria que ela sofresse, já bastava eu sofrendo, já era o suficiente, eu sofreria por nos 3.
Naquele dia tiramos para embalar as coisas, arrumar as malas, e eu preferi não passar para a Ingrid o que o medico me disse, ao menos a parte do meu tempo de vida, não queria que ela sofresse, já bastava eu sofrendo, já era o suficiente, eu sofreria por nos 3.
- Noticias tristes para a Mary, sera que ela vai suportar mais esta? esperamos que sim não e?
- Gostaram da sua decisão de voltar? Eu gostei, e qual sera a reação do Bruno? hummm Assuntos para o proximo capitulo!!!
- Espero que tenham gostado, e ja saberm se gostaram ou não me digam, e sempre bom falar com vcs!!
- Obrigada e ate breve !
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